O Sport Club Corinthians Paulista emitiu nesta quarta-feira (19/4) uma nota condenando o UOL pelo uso da imagem de um atleta do clube para ilustrar uma reportagem sobre manipulação de resultados no futebol. Segundo o clube, a publicação teria se aproveitado da enorme audiência que o time proporciona para gerar tráfego a partir de conteúdo enganoso e sensacionalista, tática conhecida na internet como clickbait.
A reportagem “Esquema de jogos manipulados na série A visava aposta com cartões” trazia como imagem de ilustração o atacante corintiano Roger Guedes recebendo um cartão amarelo. Logo depois de publicada, a matéria foi alvo de críticas por parte de torcedores corintianos nas redes sociais, uma vez que nenhum atleta ou partida do Corinthians constava na lista divulgada pelo Ministério Público de Goiás, que investiga o caso.
“Por mais de quatro horas, a foto permaneceu no ar relacionada ao assunto, gerando desinformação grosseira e evidente dano de imagem, uma vez que nenhuma partida do Corinthians foi listada como investigada pelo MPE-GO”, afirmou a nota. “É preciso que haja um mínimo de bom senso da parte de veículos que dizem prezar sua credibilidade junto aos seus milhões de usuários, ainda mais no ambiente cada vez mais hostil das redes sociais e, em especial, no futebol”.
Como retaliação, o clube informou que, enquanto o assunto estiver entregue ao seu Departamento Jurídico, não atenderá mais os pedidos do UOL, seja de entrevistas ou esclarecimentos sobre o assunto, e até mesmo proibirá a entrada de jornalistas da publicação no clube até que a situação seja considerada resolvida. A proibição, a princípio, não afetará o acesso dos jornalistas aos jogos do Corinthians.
UOL se posiciona
Minutos após a divulgação da nota do Corinthians, foi a vez do UOL publicar uma nota assumindo que errou ao usar a imagem do atleta corintiano. “O UOL errou ao usar a imagem para ilustrar a reportagem na rede social e, assim que foi detectado o problema, fez a correção. Pelo erro, o UOL pede desculpas ao Corinthians e ao atleta Roger Guedes”.
Entenda o caso
Na manhã desta terça-feira (19/4) o Ministério Público de Goiás deflagrou a segunda fase da Operação Penalidade Máxima, que investiga casos de manipulação em partidas de futebol.
Segundo o MP, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos jogos, como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo ou vermelho, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time. Diante dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros altos em diversos sites de apostas.
Até o momento, nove jogadores foram alvos de busca e apreensão e seis partidas do Brasileirão 2022 estão sob análise.
UOL x Clubes
Com a proibição, o Corinthians é o terceiro clube a entrar em rota de colisão com o UOL no intervalo de um ano, limitando em algum momento o acesso parcial ou total a jornalistas da publicação às suas dependências e atletas.
Em abril do ano passado o Santos negou o credenciamento de jornalistas do UOL para a cobertura da partida contra a Universidade Católica de Quito, na Vila Belmiro, pela Copa Sul-Americana. A decisão havia sido uma retaliação do presidente Andrés Rueda a uma coluna em que Juca Kfouri criticava a atuação do Santos em uma partida do Campeonato Brasileiro. Na época, o jornalista se referiu ao time da baixada santista de “Ninguém FC”.
No mês passado foi a vez do Flamengo impedir a cobertura de profissionais do UOL em um treino do Flamengo no CT Ninho do Urubu. Neste caso, o motivo foi uma insatisfação da diretoria rubro-negra em relação a uma reportagem sobre o caso do incêndio no próprio Ninho do Urubu, que matou garotos da base do Flamengo em fevereiro de 2019.