A Agência Pública deu mais um passo na missão de incluir indígenas nas redações. Este mês, recebeu os seis selecionados para sua turma de capacitação em jornalismo investigativo: Tumi Matis, Puré Juma, Helena Corezomaé, Cocokaroti Metuktire, Maikson Serrão e Yolis Lión. O grupo, composto por pessoas de diferentes locais e culturas indígenas, ganhou a oportunidade de contar as realidades de suas comunidades através de técnicas jornalísticas desenvolvidas na formação.

O feito, contudo, tornou-se possível somente após quase dois anos de preparação da agência. Desde 2012, a Pública já proporcionava um programa de microbolsas para profissionais produzirem a “pauta dos sonhos”. No entanto, a oportunidade só foi estendida a indígenas dez anos depois, em 2022.

De acordo com a agência, a motivação foi o pedido genuíno de um jovem da Terra Indígena Ituna/Itatá, área bastante prejudicada pelo desmatamento. Apesar dos critérios de participação incluírem o exercício da profissão de jornalista, a equipe da Pública ficou comovida com o enorme desejo de noticiar do jovem e se comprometeu a adequar o programa para comunicadores inexperientes.

Para colocar o projeto em prática, contaram com a colaboração de Spensy Pimentel, doutor em antropologia e coordenador do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Sul da Bahia. Após meses, o esforço culminou no primeiro concurso de microbolsas específico para indígenas, com cinco selecionados em 2022 e mais cinco em 2023.

Com o auxílio de oficinas e mentoria, os selecionados publicaram reportagens que foram como “gritos de socorro” de comunidades indígenas. Porém, com a qualificação, vão se tornar capazes de investigar, apurar, cobrar e responsabilizar os verdadeiros autores dos problemas denunciados. O projeto da Pública não somente proporciona a capacitação dos povos originários de comunicar sua realidade, como também reivindica seu lugar de direito dentro do jornalismo.

“Os indígenas já romperam barreiras na universidade, na ciência, nos tribunais, no Congresso, até no Executivo”, ressalta Marina Amaral, diretora executiva da agência. ”Está na hora de ocuparem as redações para o bem do jornalismo e de todos nós”.

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