Por Sílvio Ribas
A Redação sempre será a verdadeira escola dos jornalistas. Nesse ambiente de adrenalina aprendi “de facto” o ofício com colegas tarimbados. “Jornal não é para falar bem ou mal de nada. É para mostrar o real das coisas”, já dizia Ricardo Galuppo, numa das inspiradoras lições que ganhei de chefes.
No início de carreira, o lendário Guy de Almeida me ensinou no Diário do Comércio (DC), de Belo Horizonte, que “o brilho da joia só vem após muito extrair e lapidar”. Ou seja: reportagem alentada e furo jornalístico exigem acúmulo prévio de informação, domínio do tema, checagem e refino.
Meu treinamento intensificou-se na sucursal mineira da Gazeta Mercantil sob o comando de Teodomiro Braga. Sempre ligado na busca pela notícia, mostrou na prática que o sucesso da imprensa está no repórter obcecado pela apuração. “Tem mais sorte quem trabalha mais”, resumia.
Téo instruiu-me a formar boa rede de contatos e escrever com objetividade e concisão, adiando ambições estilísticas. “Nossa missão é fazer gols para o leitor, tornando-o torcedor fiel. Jogada enfeitada para encantar a massa, só se tivermos a segurança do craque”, ensinava.
Na matriz da Gazeta Mercantil, Paulo Totti e Zé Paulo Kupfer mandavam a gente mirar o maior público possível, mesmo tratando de macroeconomia. “Antes de jornalistas, vocês são comunicadores”, provocava Totti, que ainda exortava: nunca troquem conversa in loco por telefonema ou Google.
Fernando Magaldi (DC) adestrou-me na arte de modelar conteúdo. “Não há texto longo que não possa se cortar, nem curto que não possa se esticar”, recitava. Décadas depois, Dad Squarisi ajudou-me a aprimorar a técnica para “dizer mais com menos linhas, palavras e até caracteres”.
Quanto à pauta, tive professores de várias correntes. João Rafael Picardi (DC) apontava assuntos quentes em fontes ignoradas, de cartaz de poste a catálogo telefônico. Na Gazeta, Mario Almeida sugeria-nos listar matérias dos sonhos, para as perseguirmos “como capitão Ahab atrás de Moby Dick”.
“Não brigue com a notícia”, martelava Josemar Gimenez, diretor de Estado de Minas (EM) e Correio Braziliense, para que não enfocássemos a árvore no lugar da floresta. Símbolo da ética para gerações, Dídimo Paiva, do EM, legou-me o ensinamento de que jornalismo serve à verdade e ao bem.
Chegando à pós-graduação, fui iluminado por Adilson Borges, em A Tarde (BA), que rimava edição com coração, e por Vicente Nunes, no Correio, que enaltecia o todo – pauta vendida com paixão, furo de esforço heroico e material publicado com os melhores texto, arte e foto. Obrigado a todos.
Sílvio Ribas, assessor do senador Lasier Martins (Podemos-RS), volta a colaborar com este espaço.
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