O procurador-geral da República, Augusto Aras, direcionou um ataque machista à jornalista Miriam Leitão, do Grupo Globo, nessa segunda-feira (9/1). Em entrevista ao canal BNews TV, Aras afirmou que Miriam teria um “fetiche” nele.

“Essa senhora parece que tem um fetiche comigo, talvez porque eu não tenha atendido às matérias seletivas para ela e à família dela. Essa senhora foi cortada da seletividade que tinha na Operação Lava Jato. E, provavelmente, o jornal dela ganhou mais dinheiro do que com a novela das 8″, disse o PGR.

Um dia antes da entrevista, no domingo (8/1), em sua coluna no jornal O Globo, Miriam publicou que Aras havia acabado, em novembro do ano passado, com os grupos das procuradorias que combatiam atos antidemocráticos, e no lugar deles criou uma única comissão que fica subordinada a ele.

Entidades e colegas repudiaram a fala de Aras. Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) escreveu que os ataques se tornam ainda mais graves “quando partem de uma autoridade que deveria zelar pela proteção legal à imprensa e, ao mesmo tempo, defender o respeito às mulheres jornalistas”.

“A ANJ reafirma sua solidariedade a Miriam Leitão, vencedora do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa em 2017, exatamente em razão de sua postura permanente em defesa dos valores e princípios que norteiam o melhor jornalismo”, escreveu a entidade.

O Globo também se posicionou sobre o ocorrido: “É assustador que alguém que ocupa o cargo mais elevado do Ministério Público, guardião maior da lei, ofenda a honra de uma das profissionais mais brilhantes e corretas do jornalismo brasileiro. E de um jornal com um extenso histórico de serviços prestados à democracia brasileira. Ninguém é imune a críticas – nem jornalistas nem autoridades. Mas ninguém, no Estado Democrático de Direito, pode ofender de maneira tão vil como fez o Procurador-Geral. A ofensa de Aras certamente diz mais sobre ele do que sobre Miriam e O Globo”.

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