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quarta-feira, novembro 27, 2024

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Auto&Técnica descontinua versão impressa e segue apenas no digital

“Chega, cansou, encheu o saco”. Foi assim, com uma mistura de desânimo e revolta que na última 3ª.feira (18/11) o diretor Editorial da revista Auto&Técnica Ricardo Caruso ([email protected]) anunciou o fim da versão impressa de sua publicação, que em 2015 completaria 20 anos de estrada. “Depois de 20 anos de trabalho duro, chegou a hora de Auto&Técnica encerrar seu ciclo impresso. Vai continuar viva no site, que já tem três anos e vai muito bem, obrigado”, explicou em um post publicado em sua página do facebook. “Não vou me alongar, mas o desrespeito ao meu trabalho e de muitos colegas chegou a níveis inaceitáveis. São 32 anos de carreira. E daí? Hora de tirar o time e viver o mundo digital plenamente”. Lançada em 1995 por Cláudio Carsughi, Odoardo Carsughi, Ricardo Dilser, além de Ricardo Caruso e seu irmão Rubens Caruso, que seguem até hoje no comando da marca, a A&T chegou a registrar em seus primeiros anos tiragem de 80 mil exemplares. Atualmente com média de 20 mil exemplares impressos, a última edição foi às bancas em setembro. “Apesar das dificuldades, a ideia era chegar com a revista até maio de 2015 e assim fechar o ciclo de 20 anos, mas seria uma vaidade sem sentido e que custaria muito dinheiro. Pensando bem, 20 anos são uma longa e bonita história, que deixou de ser reconhecida pela indústria, jamais pelos leitores. Da mesma forma que meus 32 anos e mais de 1,000 eventos e lançamentos na área passaram a valer nada”. Além do site, uma versão digital com formato de revista está programada para o ano que vem. A ideia é que a publicação seja mensal e gratuita. Com equipe terceirizada, nada muda em relação ao aumento ou redução do time. J&Cia Auto conversou com Ricardo Caruso, que falou sobre os motivos que o levaram à decisão de encerrar a versão impressa da A&T, além de suas preocupações sobre o futuro das mídias impressas para o mercado automotivo. Jornalistas&Cia Imprensa Automotiva – Desde quando você vinha analisando essa possibilidade de encerrar a versão impressa? Ricardo Caruso – Há uns três anos começamos a perceber o início do declínio das mídias impressas e a invasão de mídias digitais. Assim, lançamos o site autoetecnica.com.br (hoje parceiro de conteúdo da Band) como laboratório e começamos a nos preparar para o futuro, que parecia irreversível. Ao mesmo tempo, as verbas de publicidade das fabricantes foram sendo reduzidas a quase nada, e só de vendas em banca nenhuma publicação sobrevive. Foi uma transição tranquila e programada. Sempre dentro da premissa de que um jornalista pode ser um bom blogueiro, mas um blogueiro dificilmente será um bom jornalista. J&Cia Auto – Nessa nova etapa, a versão digital seguirá os mesmos moldes da impressa ou haverá muitas mudanças? Ricardo – Uma das coisas que aprendemos desde que lançamos nosso site é que o público dele é totalmente distinto do público da revista. Mesmo assim forçamos algumas matérias longas e aprofundadas no site, um hábito que trago e não pretendo abandonar. Também está planejada a digitalização de toda a coleção da revista, que ficará disponível a quem quiser baixar ou reler. Pelas suas características, a revista Auto&Técnica é um arquivo fabuloso sobre a história do automóvel e sobre a indústria automobilística nacional”. J&Cia Auto – Nesses 20 anos de revista, quando foi, em sua opinião, a época de ouro da A&T? Ricardo – Os dez primeiros anos foram muito bons. Havia bons profissionais da área comercial no mercado, e tudo fluía de maneira mais tranquila. Com um bom departamento comercial você transforma qualquer publicação num sucesso. Hoje esse profissional desapareceu. No último ano fizemos oito experiências na área comercial e nenhuma deu certo. Por um bom tempo Auto&Técnica foi a segunda revista em vendas do segmento, perdendo apenas para a Quatro Rodas. Interessante é que ela gerou “filhotes”, como Auto&Mecânica, Speed Power, Stock Cars, Classic Cars e Super Chevy, além de livros, revistas de outros segmentos, edições especiais e uma infinidade de produtos. São milhões de revistas colocadas na vida das pessoas. J&Cia Auto – Alguma reportagem te marcou nesse período? Ricardo – Nenhuma em especial, pois todas foram feitas sempre com muito carinho, respeito ao leitor, dedicação, seriedade. Vários furos, vários segredos, várias matérias e coberturas exclusivas, todas tratadas com a mesma importância. O trabalho prossegue da mesma forma no site. Além de jornalistas, eu e meu irmão somos apaixonados por carros, e isso facilita muito as coisas. J&Cia Auto – E o futuro desse mercado? Ricardo – Vejo com preocupação o futuro não só da mídia impressa, mas em especial das revistas especializadas em automobilismo e temo que, uma a uma, todas acabem abandonando suas versões impressas. Numa previsão bastante racional, aposto que ficarão duas revistas no mercado. Deixo uma crítica para as montadoras, que mudaram muitos nestes 20 anos e, com raríssimas exceções, criaram departamentos arrogantes, seja no atendimento à imprensa, seja no atendimento comercial. Vejo assessores de imprensa despreparados, diretores de comunicação limitados e diretores de marketing deslumbrados, e essa mistura soberba tripla é explosiva. E por aí vai. Então, nesse grau de amadorismo, preferimos encerrar a revista. J&Cia Auto – Você poderia citar alguns profissionais que passaram pela revista ou colaboraram nesses quase 20 anos? Difícil lembrar de todos que trabalharam na editora ou colaboraram com as revistas, mas além dos que estiveram na época da fundação, vale ressaltar meu amado mestre José Luis Vieira, e nomes como Roberto Nasser, Mario Villaescusa, Julio Carone, Jorge Finardi, Fernando Calmon, o incansável Marcos Cesar Silva, meu padrinho inesquecível Marcus Zamponi, Lucas Litvai, Gabriel Marazzi, Rogério Ferraresi e Reinaldo Brasileiro, além de algumas “crias” que hoje estão bem no mercado, como João Anacleto, Anderson Gomes e Rodrigo Ribeiro.

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