A ONG Artigo 19 divulgou o Relatório Global de Expressão (GxR, em inglês), levantamento anual sobre a situação da liberdade de expressão em 161 países. Segundo a pesquisa, de 2011 a 2021, o Brasil teve o terceiro maior declínio de liberdade de expressão no mundo, atrás apenas de Hong Kong e Afeganistão.

De 2011 até 2021, o Brasil perdeu 38 pontos no que se refere à liberdade de expressão, passando da média de 87 a 88 pontos, para apenas 50. Os resultados fizeram o País cair 58 posições no ranking global e chegar à 89ª posição entre as 161 nações analisadas. É a pior colocação desde o início da realização da pesquisa, em 2010.

De 2011 até 2015, o Brasil tinha a média de 87 a 88 pontos, números positivos em relação à liberdade de expressão, classificada como “aberta”. A partir daí, só caiu. Em 2016, passou de 87 para 75 pontos, e em 2017 e 2018, manteve-se com 68. De 2018 para 2019, ocorreu a maior queda, de 15 pontos, chegando a 53 (coincidência ou não, mesma época em que Jair Bolsonaro chegou ao poder). Nos dois anos seguintes, ficou com 51 e finalmente 50, em 2021, com a liberdade de expressão considerada “restrita”.

“Saímos de uma nação considerada aberta para restrita em pouquíssimo tempo”, afirmou Denise Dora, diretora-executiva da Artigo 19. “Esse dado é um dos mais chocantes de todo o mundo, não só pela queda em si, mas por ter ocorrido de maneira mais acentuada sob a liderança de um presidente que foi eleito, e que deveria prezar a democracia e a liberdade de expressão, o que não é o caso, como mostrado no Relatório. Na América Latina, estamos atrás apenas de Cuba, Nicarágua, Venezuela, Colômbia e El Salvador”.

O relatório analisou a situação da liberdade de imprensa dos países em 25 indicadores, que incluem a garantia de direitos de jornalistas, da sociedade civil e de cada indivíduo. Com base nas informações obtidas, a Artigo 19 elabora uma pontuação geral, que vai de zero a cem, sendo zero a categoria do país cuja liberdade de expressão é inexistente, e cem a total liberdade.

O levantamento também aborda o aumento da violência contra jornalistas e veículos de comunicação nos últimos anos e a possibilidade de agravamento da situação com as eleições de 2022. Leia o relatório na íntegra (em inglês).

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