Reportagem de Lucas Neiva no Congresso em Foco revelou que a Caixa Econômica Federal proíbe uma lista de termos em matérias jornalísticas de veículos cujas páginas exibem algum anúncio do banco. Ao todo, são 239 termos proibidos.
As palavras incluem “Jair Bolsonaro” e “Lula“, candidatos à Presidência da República, além de termos como “Congresso”, “abuso sexual“, “presidente da Caixa Econômica“, “cloroquina“, “Covid“, “Marielle Franco“, “Paulo Guedes“, “Regina Duarte“, “Itamaraty”, “fake news“, “Amazônia”, “Felipe Neto”, “ditadura militar“, “Flávio Bolsonaro“, “Sergio Moro” e “Dom Philips“.
Ainda segundo a reportagem, agências que atendem à Caixa foram instruídas a punir veículos que desrespeitarem a regra, aplicando sanções como suspensão da campanha publicitária. Para André Pereira César, cientista político ouvido pela reportagem, “isso mostra que a Caixa virou um instrumento cada vez mais do governo, e não de Estado. (…) Temos duas vertentes. De um lado, a ideia é não mencionar o adversário ou antigos aliados que viraram desafetos; e do outro é impedir a provocação de Jair Bolsonaro, de sua família e de seus aliados no governo”.
O caso ganhou enorme repercussão negativa nas redes sociais. Parlamentares também condenaram a posição da Caixa.
Regina Pimenta, vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), declarou que, “quando a Caixa Econômica Federal define que vai debitar do investimento publicitário contratado junto ao veículo valores correspondentes a matérias que citem expressões ‘proibidas’, pratica censura, o que é inaceitável em regimes democráticos”.
Procurada pela reportagem, a Caixa declarou que a medida mencionada “é uma prática de mercado que visa tão-somente a isenção e proteção da marca, preservando a imagem da instituição ao realizar sua inserção em conteúdos aderentes às estratégias mercadológica e negocial do banco e ao seu planejamento de marketing”.
O Congresso em Foco procurou também a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo federal, responsável por toda a publicidade feita pela administração da União, mas não teve retorno.