O repórter César Fabris (Rádio Grenal), escalado para cobrir o jogo entre Internacional e Esportivo em 25/7, foi substituído por um colega na entrevista coletiva online do técnico Eduardo Coudet e dirigentes do Internacional por ordem da Rede Pampa, dona da Rádio Grenal. A alteração foi feita após um suposto pedido do setor de comunicação do Internacional.
Segundo o repórter, o assessor do Internacional Rafael Antoniutti pediu que outra pessoa participasse da coletiva representando a rádio: “O Antoniutti disse que ou indicavam outra pessoa ou a Grenal ficaria de fora da coletiva. Eu fiquei muito chateado e liguei para o presidente. Ele disse que não foi decisão do clube, que o assessor fez isso por conta própria”.
Fabris contou que chegou a perguntar ao assessor do Internacional sobre como funcionaria a entrevista online. Antoniutti respondeu que o repórter que participaria da coletiva era Nicolas Wagner, e que a própria Rede Pampa havia passado essa informação para ele.
O repórter garantiu que nunca atacou o Internacional. Assumidamente gremista, explicou que apenas provoca o amigo Carlos Lacerda, torcedor do Inter, pelas redes sociais e quando estão no ar.
O caso foi caracterizado como censura por diversos torcedores, jornalistas e entidades. Ao Coletiva.net, a assessoria do Internacional declarou que o clube não comenta o caso e que o assunto “já foi tratado e resolvido internamente”. A Rádio Grenal também se pronunciou, afirmando que o ocorrido “foi um fato lamentável, que não condiz com a conduta da instituição, sempre pautada pela liberdade de imprensa. Marjana Vargas, diretora da Rádio Grenal, destacou a imediata atenção dispensada pela direção colorada no esclarecimento do episódio, assim como no alinhamento de providências para que tal situação não volte a ocorrer”.
Em nota, a Associação dos Cronistas Esportivos Gaúches (Aceg) escreveu que “se posiciona em favor da liberdade de expressão (…) e se solidariza com o repórter da Rádio Grenal, César Fabris. (…) O pedido de veto partiu da assessoria do clube. O motivo seria porque Fabris é declaradamente gremista. Precisamos lembrar, neste momento, que vivemos em um estado democrático. Repórteres colorados e gremistas participam de coletivas e coberturas dos dois clubes, sempre com respeito mútuo e profissionalismo, como deve ser. Lamentamos o cerceamento ao profissional e também a postura de sua emissora em concordar com o veto por parte da assessoria do clube. A Aceg não vai se furtar de lutar pelo direito de seus associados”.