A pesquisa A Inteligência Artificial para Jornalistas Brasileiros entra agora em sua segunda fase. Os integrantes do grupo Tecnologias, Processos e Narrativas Midiáticas – ESPM, formado por professores de Jornalismo da ESPM-SP, responsável pelo estudo, iniciaram o envio de convites para profissionais participarem de entrevistas qualitativas, que servirão para aprofundar as respostas dadas na primeira fase da pesquisa.
Os objetivos do estudo, que tem apoio e divulgação do Jornalistas&Cia, são identificar o nível de conhecimento da inteligência artificial generativa por jornalistas no Brasil e conferir o grau de utilização de ferramentas de IA na produção e nos negócios jornalísticos, além das preocupações sobre seu uso na profissão.
Na primeira fase da pesquisa, realizada de dezembro de 2023 a fevereiro deste ano, 423 jornalistas das cinco regiões do País responderam a um questionário online, com questões em escala Likert (com alternativas de discordância total a concordância total).
Agora, na segunda etapa, os jornalistas participam de uma entrevista com perguntas abertas. Os profissionais foram escolhidos de acordo com a representatividade do perfil dentro da amostra da pesquisa, entre os jornalistas que manifestaram interesse em participar da segunda fase do estudo.
Nas questões da segunda fase, os profissionais poderão dar detalhes sobre o conhecimento e a utilização de ferramentas de inteligência artificial no trabalho jornalístico e aprofundar as respostas com suas impressões acerca dos impactos do uso da IA na profissão.
Resultados
Os resultados da primeira fase do estudo, que foi publicado na edição especial de J&Cia em comemoração ao Dia do Jornalista, indicam que as taxas de falta de treinamento para uso da inteligência artificial são altas entre jornalistas de todas as raças/etnias com maior representatividade na amostra. Porém, o índice é maior entre os profissionais que se declaram pretos, com 90% de discordância (soma de total e parcial) com relação a receber treinamento, contra 79,7% entre pardos e 75,1% entre brancos. Para 62,5% dos profissionais de raça/etnia amarela, não há treinamento.
Os números da primeira fase mostram que, diante da questão “Recebi/recebo algum tipo de treinamento para utilização de IA no meu trabalho”, a grande maioria dos 423 jornalistas participantes diz não receber ou ter recebido treinamento: 76,3% discordância, na soma de discordância parcial e total. Os que discordam totalmente da afirmação (o que significa que não receberam nenhum treinamento) são 69,2%, quase sete em cada dez respondentes. Uma pequena parcela diz o contrário (15,1% de concordância parcial ou total). Os que concordam totalmente, indicando que receberam de fato treinamento, são apenas 6,6%.
Com relação ao gênero dos jornalistas, o índice de homens que dizem não ter treinamento (79,3% de discordância, parcial ou total) é maior que o de mulheres (74,7%). Entre homens transgênero o índice é zero (nenhuma discordância), enquanto o de profissionais de outros gêneros é de 40%, e o daqueles que preferiram não dizer o gênero chega a 83,3%. O número de mulheres que dizem receber algum tipo de treinamento é maior que o de homens (18,5% a 11,3% de concordância, total ou parcial).
O grupo de pesquisa Tecnologias, Processos e Narrativas Midiáticas – ESPM, responsável pelo estudo A inteligência artificial para jornalistas brasileiros, é formado pelos jornalistas Antonio Rocha Filho, Cicelia Pincer, Edson Capoano, Maria Elisabete Antonioli e Patrícia Rangel, professores do curso de Jornalismo da ESPM-SP. Os jornalistas Eduardo Ribeiro, diretor, e Wilson Baroncelli, editor executivo, coordenam os trabalhos referentes à pesquisa no Jornalistas&Cia.
Congresso da Abraji
Integrantes do grupo de pesquisa participaram no último dia 13 de julho de uma roda de conversa sobre IA no Brasil, dentro da programação do 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). No congresso, um dos principais encontros de jornalismo na América Latina, os professores detalharam e comentaram os resultados da primeira fase da pesquisa A inteligência artificial para jornalistas brasileiros. Puderam ainda trocar ideias, impressões e experiências com jornalistas, estudantes, pesquisadores e profissionais que trabalham com ferramentas de IA junto a veículos jornalísticos.
NÚMEROS DA PESQUISA
Visão geral
discordo totalmente – 69,2%
discordo parcialmente – 7,1%
não concordo nem discordo – 8,5%
concordo parcialmente – 8,5%
concordo totalmente – 6,6%
Por raça/etnia
discordo totalmente – 80%
discordo parcialmente – 10%
não concordo nem discordo – 5%
concordo parcialmente – 0
concordo totalmente – 5%
discordo totalmente – 75,4%
discordo parcialmente – 4,3%
não concordo nem discordo – 8,7%
concordo parcialmente – 5,8%
concordo totalmente – 5,8%
discordo totalmente – 67,6%
discordo parcialmente – 7,5%
não concordo nem discordo – 8,4%
concordo parcialmente – 10%
concordo totalmente – 6,5%
discordo totalmente – 62,5%
discordo parcialmente – 0
não concordo nem discordo – 12,5%
concordo parcialmente – 0
concordo totalmente – 25%
Por gênero
discordo totalmente – 144 (70,9%)
discordo parcialmente – 17 (8,4%)
não concordo nem discordo – 19 (9,4%)
concordo parcialmente – 12 (5,9%)
concordo totalmente – 11 (5,4%)
discordo totalmente – 68,9%
discordo parcialmente – 5,8%
não concordo nem discordo – 6,8%
concordo parcialmente – 10,7%
concordo totalmente – 7,8%