A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) fez uma pesquisa sobre as condições de trabalho de mulheres jornalistas em meio à pandemia. Os resultados indicam que mais da metade das entrevistadas não consegue conciliar vida profissional e pessoal (62%); também quase metade teve consequências severas em suas responsabilidades profissionais (46%); e cerca de 27% tiveram alterações no salário.
A FIJ entrevistou 558 mulheres jornalistas, em 52 países, de 19 a 30 de junho. Os dados revelam também que aproximadamente 75% das participantes declararam aumento de estresse por causa de múltiplas tarefas; quase 70% afirmaram que os níveis de assédio e intimidação não mudaram durante a pandemia; mais da metade teve a saúde mental afetada e problemas com insônia; e apenas quatro de cada dez receberam equipamento de proteção de suas empresas.
As entrevistadas enumeraram alguns motivos para o aumento de estresse: trabalho em isolamento, assédio dos chefes, cuidado da família e da educação domiciliar, tensões domésticas, aumento da carga de trabalho e habituais ajustes de prazo, longas jornadas de trabalho, impacto psicológico da cobertura da Covid-19 e temor de perder o emprego. Em geral, elas concordam que a melhor forma de resolver a desigualdade de gênero é promover mais financiamento, melhores salários e mais oportunidades de ascensão profissional.
Maria Angeles Samperio, presidente do Conselho de Gênero da FIJ, declarou que “os meios de comunicação e os sindicatos devem fazer muito mais para abordar as desigualdades de gênero e ter em conta a conciliação da vida laboral e privada nestes tempos turbulentos. Devem escutar os pedidos das mulheres que têm sido profundamente afetadas pelo estresse durante a Covid-19 e responder a elas. É hora de estabelecer políticas adequadas de teletrabalho, garantir o apoio às mulheres em suas tarefas familiares e proporcionar-lhes um trabalho decente e com igualdade de remuneração”.