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domingo, novembro 24, 2024

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Dez anos de Mega Brasil Online, a rádio da comunicação corporativa

A Rádio Mega Brasil Online completou dez anos de vida em outubro passado. Chamada carinhosamente de Rambo pela equipe da Mega Brasil Comunicação, ela é de certo modo um patrimônio do mundo da comunicação corporativa, tendo em vista que acabou se consolidando e se consagrando ao fazer uma grade de conteúdos sempre orientados para essa área. Para falar sobre a trajetória da rádio nesses dez anos e o seu futuro, Eduardo Ribeiro, diretor do Portal dos Jornalistas e de J&Cia e também sócio da Mega Brasil, e o editor executivo Wilson Baroncelli entrevistaram Marco Antonio Rossi, idealizador e fundador da Rambo e seu diretor. Jornalistas&Cia – Como nasceu a ideia da Rádio Mega Brasil Online? Marco Rossi – É uma situação inédita pra mim ser entrevistado por vocês, do Jornalistas&Cia… J&Cia – Acostumado a entrevistar todo mundo, agora você está do outro lado do microfone. Marco – Isso… Bom, em 2005 nós fizemos um congresso de comunicação no serviço público e um dos convidados, Marcelo Coutinho, falou sobre o avanço das rádios web no mundo. Naquela época eu acompanhava uma rádio de São Francisco pela internet, a KKSF, e achava ótimo a possibilidade de poder ouvir uma rádio diferenciada. Era uma rádio só de jazz. Aí me ocorreu o seguinte: nós tínhamos o mais complicado, que era o conteúdo gerado para o Jornal da Comunicação Corporativa, o JCC; tínhamos colunistas, as notícias. Por que, então, não tentar uma tecnologia nova para disseminar esse conteúdo, não se aventurar nisso? Eu não tinha a menor ideia de como fazer nem o conhecimento técnico, só me ocorria a possibilidade. Mas fui aprender. Também nem tínhamos muita banda na época, uma velocidade de 500k era uma maravilha na internet. Mas comecei a adaptar o conteúdo do JCC para o formato de rádio. Em princípio decidi que a rádio funcionaria no horário comercial, das 9h às 18h, de segunda a sexta feira. Naquela época eu fazia um programa chamado Caminhos das praias, primeiro na Rádio Trianon, e depois na Rádio Grande ABC. Nesta, minha interface era a Jennifer Cardoso. Por um capricho do destino, a Jennifer saiu de lá e veio conversar comigo. “Puxa vida, Jennifer, estou com um projeto aqui, uma ideia de fazer uma rádio. De repente, você pode me ajudar com conhecimento…”. Porque eu não tinha conhecimento de estúdio, não tinha nada. A Jennifer veio e foi uma pessoa fundamental no projeto, dando apoio, conhecimento técnico e força para enfrentar situações inusitadas. J&Cia – O quê, por exemplo? Marco – Na casa ao lado da Mega Brasil tem um dentista. Quando ele ligava o compressor de ar, fazia um barulho danado, dava uma interferência na rádio. A gente não sabia o que era e a Jennifer até chorava. O começo foi bem engraçado, muito desafiador e fomos montando programas. Não me lembro qual foi o primeiro. Mas lembro que um dos primeiros foi do Rivaldo Chinem, o Café Cultural que agora faço com o Patrick Ribeiro. É um programa dividido entre dicas culturais e entrevistas; as entrevistas eu faço e o Patrick faz a parte de agenda. Está completando dez anos também. Depois disso fizemos o Jornalistas&Cia. também um dos programas pioneiros na rádio.   J&Cia – Na época era o Baroncelli que fazia. Marco – Ele e o Luiz Anversa. Teve outro programa de que o Luiz participou, com o Oswaldo Braglia, sobre futebol. No começo a grade tinha pouco foco na comunicação corporativa. Era mais música, noticiário gerado pelo JCC e esses programas pontuais. Tínhamos alguns colaboradores importantes também. E assim a rádio foi crescendo, fomos montando uma grade e hoje está com 23 programas, abrangendo comunicação corporativa, negócios, cultura, saúde. Chegamos a fazer experiências interessantes de cobertura internacional nos congressos da Associação Americana de Relações Públicas, por meio de parceiros que participavam e faziam boletins para a rádio. Assim, tivemos coberturas nos Estados Unidos, na França, em alguns países.  J&Cia – É um trabalho voluntário? Como as pessoas montam esses programas?   Marco – A grande característica da rádio é ser um ambiente de networking importante. As pessoas que estão aqui são profissionais do setor, todos têm um objetivo de relacionamento para o seu próprio negócio ou para a sua carreira. É dessa forma que é feita a parceria. Obviamente buscamos remuneração, mas esse por enquanto não tem sido o foco dos programas, eles não são patrocinados. Temos intenção de fazer isso, firmamos com todos eles contratos nesse sentido, mas são ainda poucos programas patrocinados. Na verdade, só o boletim do JCC é patrocinado pela Boxnet e o Leitura da semana, pela Maxpress, que também são empresas parceiras nossas e que apostam nesse formato.   J&Cia – Como você estruturou a combinação de programas com músicas? Qual o critério para escolher? Fica no ar 24 horas? Marco – A programação fica 24 horas no ar, sim. Uma coisa que sempre me chamou atenção foi a falta de qualidade musical das rádios brasileiras. Você ouve muita porcaria por aí, efetivamente muito lixo, embora tenha um público que curte. Mas quem não gosta fica sem opção. Por exemplo, para quem gosta de jazz, tem um ou outro programa; a mesma coisa para quem gosta de música popular brasileira. A Rádio Nova Brasil, por exemplo, que tocava muito música popular brasileira, diversificou. É muito diferente do que se vê fora do País, onde muitas rádios têm programação segmentada. Essa que citei, a KKSF, por exemplo, é uma rádio exclusivamente de jazz, de smooth jazz. É o que tocamos aqui, jazz, MPB e smooth jazz. Uma coisa que eu imaginava lá no começo, sonhava com isso, era que em algum momento iríamos ter a possibilidade de ouvir essa webrádio dentro de um carro, por exemplo. Lembro de uma vez em que a Junia Nogueira de Sá, então diretora de Comunicação da Volkswagen, me emprestou um carro e ele tinha uma entrada USB. Eu tinha uma seleção de coisas da rádio gravadas em um pen-drive. Para mim aquilo foi um sonho, coloquei no USB e fui ouvindo no carro. Tempos depois, num congresso da Mega Brasil, nos intervalos das palestras rodávamos um filmete promocional dos patrocinadores e o que peguei da GM era de um Cadilac Cool que já vinha com um pacote de internet embutido. Pensei: se você tem todas essas possibilidades de navegação, com pacote de internet, tráfego de dados, daqui a pouco vamos poder ouvir webrádio. Esse dia chegou. Hoje você consegue ouvir a Radio Mega Brasil Online dentro do seu carro. Se você tiver um sistema Bluetooth, acessa pelo celular e ouve a rádio onde estiver. Hoje somos mobile, ouvimos em computador, tablet, celular. Isso é muito legal, pois é a democratização do rádio no Brasil, no mundo.   J&Cia – Mas como você montou isso, música e programa, uma hora de cada um?   Marco – Antigamente era, mas agora, com 23 programas, não conseguimos ter uma grade musical mais extensa, a não ser à noite, finais de semana. Temos uma curva de audiência que gira em torno de 700 ouvintes por dia, com permanência média de 2 horas, mas isso varia ao longo do dia. Para aproveitarmos essa curva de audiência, montamos a grade de forma a que todos os programas tenham horário cheio e duas reapresentações em dias e horários diferentes. Há exceções, mas a maioria é assim. Com essa montagem de grade não se consegue mais meia hora de música direto. Eu diria que a Rambo é hoje mais uma rádio de conteúdo do que musical.   J&Cia – Você juntou duas paixões: sempre gostou de rádio, atua no meio há bastante tempo, e de música, você toca piano. Fale um pouco dessas raízes.   Marco – É, há essas duas questões. Quanto à rádio, aliás, tem até uma curiosidade, que vocês depois podem colocar no Memórias da Redação do J&Cia: fui o primeiro ou talvez o único cara a tirar do ar a Rádio Antena 1. Foi assim: antes de seguir a carreira na comunicação corporativa, trabalhei um tempo na Antena 1. Foi meu primeiro contato com rádio, fazia aqueles horários bacanas, da meia noite às três da manhã, Natal, Ano Novo, Carnaval… Na época era complicado, tinha que cuidar das cartucheiras de fitas gravadas. Na Antena 1 eram quatro toca-discos; punha o disco, tinha que achar o ponto, trocar o canal, soltar o disco e ainda por cima falar. Era muita coisa para os meus neurônios. Logo nos primeiros dias, preocupado com aquela responsabilidade toda – sabia que minha mãe estava me ouvindo –, me descuidei do volume e deixei muito alto. Aquele indicador de volume, que é conhecido por VU, ficava batendo no vermelho, batendo no vermelho, e eu não vi. Como aquilo pode queimar o transmissor, ele tem um sistema de segurança, que desarma. Eu estava ouvindo a música e daí a pouco ficou um silêncio sepulcral dentro do estúdio. Mais um pouquinho e uma correria atrás de mim, todo mundo gritando: Parou! Parou! Parou! Vamos armar de novo o transmissor! Foi uma experiência inusitada. Sobrevivi de música durante dois anos, estudei piano com Dinorá Rosenberg. Tinha essa formação musical que queria ver em alguma rádio e não achava em lugar algum, a não ser em programas pontuais. Se não me engano Hermano Henning tinha um programa de jazz. E havia uma rádio, Litoral FM, na Baixada Santista, que tocava jazz, mas depois foi vendida e o horário ocupado por igreja evangélica. A ideia da Rambo é dar voz para os interpretes da MPB, novos e os consagrados, e trazer um pouco dessa música internacional de qualidade.  J&Cia – Como a rádio tem se desenvolvido, investido em tecnologia, nas coisas do mundo novo?   Marco – Bom, só para retomar uma coisinha, uma questão de justiça. Quando falei dos primeiros programas, esqueci de registrar um bastante importante, O ponto de encontro. Ele foi construído para falar sobre as executivas de comunicação, pois as mulheres são a grande maioria do nosso mercado. O programa foi concebido para que elas pudessem contar um pouco sobre como é essa experiência de cuidar de casa, de filho e trabalho com muita responsabilidade, muitas vezes 24 horas conectadas. Ele foi um dos pioneiros da rádio e se chamava Sexo forte. Quem fazia era a Elisabete Sanchez. Depois passaram Marília Vilas Boas, relações públicas do Exército, Elaine Lina de Oliveira, que foi presidente do Conrerp de São Paulo. Hoje quem o apresenta, já há uns três ou quatro anos, é a Vany Laubé.  Com relação a investimentos, no começo fazíamos a rádio num espaço improvisado. Pusemos uma divisória de escritório com um vidro na sala de reuniões; de um lado ficava a operação, no começo com a Jennifer, do outro uma mesinha com dois ou três microfones de mesa e ali fazíamos as entrevistas. Era uma mesa dobrável, uma coisa bem tosca, mas funcionava. Durante muito tempo fizemos programas assim, trouxemos gente muito boa. De dois anos para cá, montamos um estúdio. O investimento, nesse período todo, acredito que tenha sido perto de 70 ou 80 mil reais, talvez até mais. Esse estúdio até que é sustentável, pois nós mesmos o construímos, com apoio involuntário do Banco Itaú. J&Cia – Como assim, involuntário? Marco – Do lado da minha casa tem uma agência Personnalité. Eles estavam trocando a fachada, feita de material que parecia fórmica, uma resina, material resistente ao tempo. Isso tudo foi parar numa caçamba e o meu vizinho, que é também meio Professor Pardal, foi dono de ferro velho, disse que era material de muita qualidade. Coincidiu com a ideia de construir o estúdio novo. Quer saber de uma coisa?, pensei. Abri minha perua e lotei de tranqueira, botei tudo que eu achei naquela caçamba, essas placas enormes de resina, madeiras, madeiras boas, de equipamentos que chegam em containers, em pallets. Eles desmontam os pallets, jogam a madeira fora. Como eu gosto de mexer com marcenaria, isso para mim é ouro. Sei que meu carro veio carregado e comecei no final do ano. Nós tínhamos férias coletivas. Comecei a construir de fato toda a estrutura da rádio, a mesa central onde fazemos as gravações, o switcher onde é feito todo o controle de gravação, a parte operacional. Levou mais ou menos dois meses. Até a parte de isolamento acústico fizemos aqui, internamente.   J&Cia – E os compressores continuaram?   Marco – Não, sumiu tudo, não temos mais esse tipo de problema.  J&Cia – A propósito de tecnologia, quando você começou, dez anos atrás, o negócio era meio improvisado, hoje a tecnologia para webradio é fantástica.   Marco – É fantástica, sim. Mas da mesma maneira que ela evoluiu, os problemas também cresceram. Sofremos muito com infraestrutura, a rede de internet é muito ruim no Brasil. Usamos aqui duas estruturas, uma de fibra ótica outra convencional, mas os níveis de variação nos dois sistemas são gritantes. E não há o que fazer, é a infraestrutura mesmo. Às vezes você é surpreendido: Como, parou a rádio? A rádio está subindo aqui, mas não estou recebendo. Então, é provedor? O que será que é? O menu dos problemas aumentou, mas sem dúvida avançou a questão de qualidade, de som.   J&Cia – A propósito, hoje, com 23 programas na grade, quem ouve a Mega Brasil Online pensa que é uma emissora de rádio. Antes tinha que ir atrás das coisas, ficar buscando qual programa montar. Hoje, ao que parece, as pessoas querem fazer programa, querem dar entrevista na rádio. Como isso evoluiu?   Marco – Na minha opinião, diminuíram os canais de difusão dessas informações, de qualidade de conteúdo, sobretudo. Não vejo muito isso no mercado. Com isso, temos uma procura grande, até fila. Há casos de programas exclusivos de entrevistas que fecham um mês de edições em um dia, às vezes dois meses de programação, por causa dessa demanda. Muito se deve ao cuidado que temos com a nossa visão de jornalismo, de procurar fazer coisas com qualidade, sempre focando no interesse do nosso público-alvo, que é o profissional da comunicação corporativa, jornalista, relações públicas. Não só atender aos interesses diretos do trabalho deles, mas do universo no qual gravitam, os problemas que têm, como por exemplo no Ponto de encontro. Para você falar das suas necessidades, das suas angústias também, começamos agora o Sexo, drogas e rock and roll, que tem sido feito pelo médico pediatra João Paulo Lotuffo, com apoio do Hospital Universitário da USP e da Associação Brasileira de Pediatria. J&Cia.– Ou seja, ampliar o espectro de temas que interessem ao público-alvo… Marco – Isso. Não só dar vazão às coisas que são produzidas pelos meios de comunicação ou pelas agências de comunicação, mas falar também sobre esse universo em torno do qual esses profissionais gravitam. Sexo, drogas e rock and roll é um projeto antigo do Lotuffo, que não encontrava espaço na mídia, e trata justamente disso: a questão das drogas e do sexo seguro, da gravidez indesejada entre os jovens, que afinal de contas são nossos filhos, são filhos desses profissionais. Como na área de comunicação, muitas vezes, por causa de trabalho, eles acabam ficando distantes do convívio familiar, isso pode gerar um problema. É uma abordagem importante. Eu mesmo passei recentemente por uma experiência: um menino de uns 14 anos, com dois cachorrinhos, esses pomponzinhos, um sábado de tarde em que por acaso eu estava aqui, passou fumando seu cigarrinho de maconha. Aí eu fiquei pensando: como pode acontecer isso na vida dessa criança, qual será o próximo passo? Vai ser uma pedrinha, uma balinha? Pra onde vai esse camarada, qual vai ser o destino dele, será que é a cracolândia? E os dados estatísticos são gritantes, casos de gravidez indesejadas entre jovens. Esse é um programa que começamos a fazer agora e que não tinha espaço na mídia.   J&Cia – Dadas as suas características, a Rádio Mega Brasil não tem audiência de massa. Como vocês trabalham essa questão? Porque as pessoas não vêm aqui fazer um programa que ninguém ouve. Qual é estratégia por trás disso, de buscar audiência?   Marco – Trabalhamos muito as mídias sociais – Twitter, Instagram, enfim, esses clássicos –, além de nossos próprios veículos, o JCC, a própria rádio.   J&Cia – No caso do Jornal da Comunicação, como funciona essa combinação? Marco – Além do próprio JCC, o boletim dele é divulgado na rádio, isto é, automaticamente. Também é eventualmente destacado nas mídias sociais. E temos uma newsletter diária para 24 mil endereços de profissionais de comunicação e áreas afins, dando os destaques da programação, do noticiário.  J&Cia – Aí vão os links e por eles as pessoas vão entrando nos programas. Elas ficam?  Marco – Na verdade, notamos que o link às vezes não facilita tanto. Quando damos os links de coisas no Facebook o acesso a essas informações é menor do que quando você não faz isso. Apenas indicamos como acessar, mas damos o caminho. Isso, na minha visão, ficou facilitado porque a maioria das emissoras de rádio transmite pela internet. Quando entra, por exemplo, A Voz do Brasil no rádio tradicional o cara continua ouvindo a programação pela internet. Na verdade, hoje todo mundo faz o que começamos a fazer dez anos atrás, usar a internet para transmitir rádio.   J&Cia – Se a Mega Brasil faz um esforço para divulgar sua grade, põe os 23 programas em seus boletins, nas redes sociais, é de supor que os próprios apresentadores, que trazem gente importante para ser entrevistada, procurem trabalhar as redes sociais. Como isso se dá?   Marco – É um círculo virtuoso. Além dos nossos veículos, os próprios âncoras e produtores fazem esse esforço dentro de suas redes pessoais, e multiplicam naturalmente a audiência. Ao falarem de seus programas, falam também da rádio e atraem audiência para cá. E é uma audiência qualificada, mais do que quantitativa é qualitativa. E percebemos isso pelas pessoas que nos procuram, para trazer sugestões de pauta, interessadas em dar entrevista, e outras com propostas de programas.   J&Cia – Percebemos que, com esse perfil, a rádio também abre oportunidade para que agências de comunicação tragam temas de clientes que, a exemplo do Lotuffo, não conseguem espaço em outras plataformas. Como você tem percebido isso? O murchar da imprensa tradicional enseja a potencialidade de iniciativas como essa?  Marco – Sem dúvida alimenta. Para começar, temos mais flexibilidade nos programas do que as emissoras tradicionais, que sofrem com limitações muito rigorosas de tempo. Aqui eventualmente podemos avançar um bloco para concluir um raciocínio, uma entrevista com mais profundidade, o que você não vê nos veículos tradicionais. Porque eles são muito engessados em questões de horário, por causa de patrocínios. O camarada está desenvolvendo um raciocínio e cortam na metade: “Vamos para o intervalo, vamos agradecer a sua presença…”. Isso ocorre com muita frequência. Você tem 30 segundos para falar, se vira. Se falou muito, se falou pouco, se falou coisa interessante ou não, o que está valendo é o tempo. Nós conseguimos aprofundar mais os assuntos, o que acaba atraindo esse público também.  J&Cia – Fale de algumas personalidades que estiveram aqui na rádio dando entrevistas, de curiosidades, coisas engraçadas que aconteceram.   Marco – Até comentei um desses dias; vou escrever um livro que se chama A clausura, para retratar um pouco do meu dia a dia aqui na Mega Brasil, muito por causa desse projeto da rádio. Que agora vai ter um desdobramento, porque vamos começar a fazer tevê também. Bem, vieram personalidades como o vereador Gilberto Natalini… Da nossa área, vários diretores de empresas automotivas, para o programa Sobre rodas: Marco Antonio Lage, Nelson Silveira, Christian Marxen, Eduardo Pincigher, Gilberto dos Santos. Diretores de agências já tiveram conosco… Estou inclusive costurando um debate com o Ciro Dias Reis, da Imagem Corporativa, para outro programa que vamos colocar no ar em breve, o JCC Debate. Já fizemos dois pilotos, com Junia Nogueira de Sá, Tato Carbonaro, Maria Aparecida Ferrari, com o próprio Ciro, com Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas.  J&Cia – Fale um pouco das peculiaridades de alguns programas, a pegada de cada um, curiosidades como surgiu a ideia…  Marco – É mais fácil falar dos programas que eu faço diretamente: Café cultural, de entrevistas, e Sobre rodas, focado na indústria automotiva. No caso do Café Cultural, falamos sobre literatura, cinema, teatro. Houve uma vez em que íamos falar sobre uma peça que contava a história do Adoniran Barbosa, um musical. Aí me ocorreu uma ideia: em todo programa, ao término de cada bloco, entra uma música, só para quebrar, deixar o programa mais leve. Como era um musical, pensei: será que não tem ninguém que possa fazer um som aí com a gente? Apareceram dez pessoas aqui no estúdio e tivemos que adaptar. Esse programa é bem agitado. O Sobre rodas é um espaço em que falamos sobre indústria automotiva e seus periféricos. Já estiveram aqui o pessoal da Car and Driver, o Paulo Campo Grande, o pessoal da AutoData. Estreamos recentemente o Beatles para crianças, parte de um projeto que envolve produção de livro e de disco. Mostra para as crianças a história dos Beatles, qualidade musical, proposta musical e cultural também, ensina a fazer instrumentos. Outra estreia, em 8 de novembro, foi o Geraldo Nunes, com um programa que traz uma retrospectiva dos principais trabalhos que ele fez. Acompanhei bastante os programas que ele fazia na Rádio Estadão, era fã dele. Lembro dos tempos de repórter aéreo, em que ficava pairando com o helicóptero sobre o congestionamento: “Pisca o seu farol pra mim!”. Que coisa legal, que interatividade, quando você não tinha as mesmas facilidades de hoje! Agora temos a felicidade de tê-lo aqui na nossa programação.   J&Cia – Ele sofreu um acidente, o helicóptero dele caiu ali na Marginal, fez um pouso de emergência, não é?  Marco – Ele contou essa história no Reescrevendo a história, que o Paulo Vieira Lima apresenta e que conta o lado B da história oficial do Brasil. Muitos jornalistas acabam pesquisando isso, outros escritores contam esse lado que as pessoas acabam não conhecendo. Assim surgiu o Reescrevendo a história.  J&Cia – Tem também o Sérgio Lapastina…  Marco – Sérgio Lapastina, da Sabesp, faz com a Regina Antonelli o Making off, um programa sobre o mercado de publicidade. O que procuramos sempre fazer é atender a esses segmentos, assim como temos o Digital lab, que é feito pelo Daniel Galvão, que trata de marketing digital. O do Sérgio Lapastina fala da publicidade tradicional, o marketing digital fica com o Daniel.   J&Cia – Tem o Daniel Schneider…  Marco – Daniel Schneider faz o Plano de negócios, programa para empresas, que conta experiências bem-sucedidas, desafios, fala de criatividade, de empreendedorismo. O Daniel é economista. J&Cia – Ângela Crespo… Marco – Ângela faz o Consumo em pauta, área na qual ela se consagrou como jornalista, ganhou até prêmio da ONU por conta disso. Nesse programa ela desvenda esse cenário do relacionamento com o consumidor. Com ela inclusive fazemos o Seminário Mega Brasil de relacionamento com o cliente consumidor. Outro programa interessante é o de contação de histórias. Ficamos pensando: mulher ou mãe que trabalha que nem louca não tem tanto tempo para dividir com o filho. Então, criamos o programa Era uma vez, de contação de histórias infantis, a Celina Bodenmuller e a Fabiana Prando vêm pra cá, trazem sempre um convidado e com ele fazem uma contação de história infantil. Rose Campos faz o programa ambiental Ecos do meio, que já teve presenças como a do vereador Gilberto Natalini, do Eduardo Jorge, que foi candidato do Partido Verde à Presidência da República, nosso vizinho, mora aqui pertinho. Temos também o Leitura da semana, comandado pela Amanda Tamura, que inclui o Leitura entrevista, com a presença de um personagem ligado a uma notícia de destaque naquela semana para ser entrevistado, contar detalhes, sempre que a notícia é relacionada ao mercado da comunicação.   J&Cia – E todos esses programas vão ao ar três vezes na semana?   Marco – Sim, e cada um deles tem uma página no site da rádio e fica disponível on demand, por 30 dias.  J&Cia – E tem o arquivo desses programas todos?   Marco – Temos a história da rádio preservada. E poderemos resgatá-la a qualquer tempo, quem sabe quando completar 100 anos…  J&Cia – E hoje você consegue migrar os conteúdos da rádio para o Jornal da Comunicação Corporativa?  Marco – Parte deles. Ainda não é uma coisa muito fácil, porque demanda estrutura, e a nossa é bastante enxuta. Aliás, estou precisando de repórter aqui…  J&Cia – Sabemos que há planos de convênios com universidades, que poderiam alimentar esse conteúdo por meio dos estudantes.   Marco – Esse é o projeto Galileu. Neste exato momento temos uma estudante da Cásper Líbero fazendo uma cobertura especial para a Mega Brasil, a rádio e o JCC, na Cop 22, lá em Marrakech, no Marrocos. Esse projeto nasceu no Congresso da Mega Brasil, em que montamos uma estrutura de redação para fazer a cobertura. Nós fazíamos isso de maneira informal: eu conheço o fulano que está fazendo Jornalismo, eu conheço o jornalista tal, vamos fazer uma barganha, você vem pra cá, assiste o Congresso, ajuda a gente na cobertura. Há dois anos mudamos essa proposta. O mercado reclama que esses estudantes chegam sem a experiência necessária. Por que não entrarem no projeto as instituições que os formam? Em vez de fazer isso individual e pontualmente, por que não com uma instituição de ensino, aberto a todos os estudantes da área? Assim nasceu o projeto Galileu. Fizemos em 2015 com a Fapcom e a Cásper Líbero e nesse ano de 2016 com a São Judas, a Anhanguera e a Belas Artes, e já temos uma proposta da Anhanguera (Croton) para ampliar o projeto, já que hoje ele é relacionado apenas ao Congresso. Nós fizemos com a unidade da Vila Mariana e a proposta da Croton é de estendermos para outros campi. Nesse momento o projeto passa por uma reformulação, em vez de ser uma coisa pontual no Congresso, eles teriam atividades aqui na Mega Brasil ao longo de todo o ano, tanto no JCC quanto na rádio e daqui a pouquinho na tevê também.   J&Cia – Como caminhar para uma rádio sustentável? Marco – Temos uma barreira a quebrar que é a audiência. Hoje, o processo de avaliação para que uma empresa anuncie numa rádio online é a quantidade de cliques. Como somos uma rádio para público segmentado, nossa audiência é qualificada, porém não massificada. Talvez se fizéssemos parceria com um portal, como UOL, iG ou outro que dê um pouco mais de visibilidade, possivelmente aumentaríamos a audiência significativamente e isso obviamente favoreceria os aspectos comerciais. Outra questão é o investimento. Por enquanto, temos bancado tudo, inclusive agora na montagem da tevê. O lado bom é que como a rádio está consolidada e é reconhecida, hoje temos acesso ao primeiro time da comunicação corporativa e de vários outros segmentos. E isso deverá favorecer a viabilização econômica do projeto.  J&Cia – Alguma ideia de como chegar lá? Marco – O mercado das agências de comunicação, por exemplo, é muito grande. Considerando as de comunicação corporativa, estão já mapeadas aqui pela Mega Brasil 1.060 agências no Brasil; com as filiais, chegam a quase 1.200 unidades de escritórios. E elas podem enxergar uma iniciativa como essa da Rádio Mega Brasil como uma oportunidade de levar clientes, temas que querem divulgar. E elas próprias podem depois fazer suas divulgações nas redes sociais de forma privilegiada e num espaço que é hoje raro. Talvez as próprias agências possam tem uma participação financeira nesse projeto, pagar e investir na rádio para garantir esse espaço, para esse espaço evoluir e devolver para elas essa condição de conteúdo para seus clientes. Efetivamente, hoje a Rádio Mega Brasil Online é um canal. Nós temos um mote, Um canal a serviço da comunicação. Ela é uma voz dessas agências, damos visibilidade a elas, com liberdade obviamente, sem aquela coisa chapa branca. Fazemos uma análise de conteúdo para essa divulgação, mas efetivamente somos uma voz dessas agências. Por que não, então, elas apostarem nesse projeto, darem suporte a ele? Eu lembro muito da questão das tevês educativas, quando aparecia lá, a empresa tal apoia essa iniciativa. Por que não apoiar essa ideia também, já que fazemos um trabalho de qualidade com responsabilidade, profissionalismo? J&Cia – Você já pensou numa forma de operacionalizar isso? Marco – Talvez com cotas. As agências teriam um custo e um direito de participar da programação. Percebemos que publicidade, ter um spot lá, não é uma coisa que interessa. Mas o que impediria, por exemplo, de que tenham seu cliente divulgado lá no formato de um spot? Fiz uma entrevista com o Christian Marxen sobre um serviço que a Audi estava implantando no Aeroporto de Congonhas e esse trabalho está traduzido num spot em rádios abertas. Por que não poderia estar aqui? Isso não foi apresentado para ele como proposta, é só um exercício que faço. Por que o Itaú não divulgar as coisas dele aqui também, talvez por compra de cotas: tenho dez cotas e posso usá-las veiculando os meus produtos ou sugerindo uma pauta com algum assessorado meu, ou sugerindo um assunto para ser abordado num determinado programa. Por que não? Aí a engenharia de desenhar isso ficaria por nossa conta.   J&Cia – E a TV Mega Brasil, o que está sendo planejado para ela?  Marco – A TV nasce de uma necessidade: alimentar a versão digital do Anuário da Comunicação Corporativa com uma programação especial para os anunciantes da versão impressa. Já temos  o canal no YouTube, mas precisamos nos estruturar para cumprir esse compromisso. E já que vamos fazer esse esforço, faremos para toda a grade da rádio. Do mesmo modo que, lá no início, quando pensamos na rádio e aproveitamos o conteúdo do JCC, agora vamos aproveitar o conteúdo da rádio para alimentar os canais de vídeo. Essa é a ideia. Estamos terminando de montar o estúdio, vamos trabalhar inicialmente com quatro câmeras, com a possibilidade de chegarmos a seis. Não acredito, no entanto, que venhamos a ter uma programação regular, como a All TV, por exemplo, pois a nossa aposta é o acesso sob demanda. Precisamos ter efetivamente um canal para você assistir na hora em que quiser, mas com datas estabelecidas, talvez um misto de Netflix.   J&Cia – Você pensa em levar essa experiência para empresas, montar rádios corporativas por exemplo?   Marco – Hoje temos capacidade tecnológica e estrutural para fazer rádio corporativa. Na verdade, quando começamos, dez anos atrás, eu desconhecia a existência de uma rádio de comunicação corporativa. Arrisco dizer que fomos pioneiros nessa área. Com esses dez anos de aprendizado, temos, sim, condições de oferecer esse produto para o mercado, uma rádio corporativa que pode ser aproveitada de várias formas.  J&Cia – Algum outro destaque? Marco – Queria agradecer a algumas pessoas que foram importantes nessa trajetória. A Jennifer Cardoso, já citada. A Carol Pedace, que ajudou bastante, é uma figura presente dentro da rádio. A Amanda Tamura, que sofre lá com a quantidade de programas, lidando com as agendas e tal. São pessoas muito queridas e relevantes para o projeto, assim como toda a equipe da Mega Brasil.   Grade de programação Ecos do Meio (apresentado por Rose Campos) Segunda – 10h Terça – 21h Quarta – 14h   Reputação em Foco (apresentado por Camila Andrade) Segunda – 13h Terça – 11h30 Quarta – 18h30   Reescrevendo a História (apresentado por Paulo Vieira Lima) Segunda – 14h Terça – 09h Quarta – 22h   Consumo em Pauta (apresentado por Ângela Crespo) Segunda – 16h Terça – 19h Quarta – 09h   Beatles para Crianças (apresentado por Fabio Freire e Gabriel Manetti) Segunda – 17h Quarta – 10h Sexta – 22h Sábado – 14h   Papo Reto (apresentado por Carolina Stanisci) Terça – 10h Quarta – 20h Quinta – 15h   Ponto de Encontro (apresentado por Vany Laubé) Terça – 13h Quarta – 11h30 Quinta – 18h30   Plano de Negócios (apresentado por Daniel Schnaider) Terça – 15h Quinta – 09h Sábado – 20h   Arquivo Especial (apresentado por Geraldo Nunes) Terça – 16h Quinta – 20h Sábado – 09h   Sexo, Drogas e Rock’n Roll (apresentado por João Paulo Lotuffo) Terça – 18h Quinta – 21h Sábado – 16h   Cenários (apresentado por Paulo Vieira Lima) Quarta – 13h Quinta – 11h Sexta – 19h   Era uma vez (apresentado por Fabiana Prando e Celina Bodenmuller) Quarta – 15h30 Sexta – 11h30 Segunda – 20h   Jornalistas&Cia (apresentado por Eduardo Ribeiro) Quarta – 17h Quinta – 10h Sexta – 20h   Making Of (apresentado por Regina Antonelli e Sergio Lapastina) Quinta – 12h Sexta – 16h Sábado – 19h   Digital Lab (apresentado por Daniel Galvão) Quinta – 16h Sexta – 09h Segunda – 21h30   Café Cultural (apresentado por Marco Rossi e Patrick Ribeiro) Quinta – 17h Sexta – 10h Sábado – 10h   Sobre Rodas (apresentado por Marco Rossi) Sexta – 14h30 Sábado – 11h30 Domingo – 19h30   Leitura da Semana (apresentado por  ) Sexta – 18h     Sábado – 12h30 Domingo – 14h

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