O repórter Eduardo Matos foi ameaçado e intimidado no domingo (6/8) por Guilherme Selister, citado em reportagens feitas pelo jornalista sobre golpes financeiros aplicados contra mulheres. Entidades repudiaram o ocorrido.
Em matérias veiculadas em Zero Hora, Rádio Gaúcha e GZH, Matos escreveu sobre mulheres que denunciaram Selister como autor de golpes financeiros. Segundo apuração de Matos, o homem envolveu-se romanticamente com essas mulheres e inventou histórias, para então extorquir muito dinheiro delas. Alguns casos até viraram processos criminais.
Após a publicação das reportagens, Matos estava em um restaurante com o filho adolescente no domingo. Ao sair do local, foi abordado por Selister em tom intimidatório. O jornalista filmou o encontro. Selister afirmou que estava esperando Matos sair do restaurante para abordá-lo, com a intenção de não expor seu filho adolescente a constrangimento.
URGENTE. Acabo de ser ameaçado por esse cidadão. Trata-se de Guilherme Selister. Tentou me intimidar em razão das reportagens que fiz, denunciando ele como golpista. Ajudem a compartilhar. Vou tomar as medidas cabíveis. Me ameaçou na frente do meu filho adolescente. Gravei tudo. pic.twitter.com/6Ncj7mEvqA
— Eduardo Matos (@_eduardomatos) August 6, 2023
Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), não é possível saber se o repórter estava sendo seguido ou se foi um encontro aleatório. Matos prestou queixa à polícia.
Entidades defensoras do jornalismo e da liberdade de imprensa repudiaram a intimidação. A Abraji pediu que as autoridades “investiguem o caso e garantam aos jornalistas que cobrem o caso a segurança necessária para cumprir o papel de informar a sociedade. (…) Abordar um profissional em momento de lazer com sua família não é a forma adequada de pedir eventual reparação ou direito de resposta. Trata-se de intimidação e constrangimento”.
Em nota conjunta, a Associação Riograndense de Imprensa (ARI), o Sindicato de Jornalistas do Rio Grande do Sul (SindJoRS) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também lamentaram o ocorrido: “É inadmissível que um profissional de imprensa sofra esse tipo de ameaça e intimidação. Queremos uma investigação rigorosa para que as e os jornalistas que trabalham com qualquer assunto de interesse público tenham segurança o bastante para exercer o seu ofício”.