Saulo Luiz da Silva, repórter cinematográfico na TV Globo Minas, e a filha, Tábata Poline Feliciano Silva
A televisão nas nossas vidas, da minha família, família Silva lá da periferia, é a evolução de Darwin. Meu pai foi o cinegrafista mais antigo em atividade no Brasil, trabalhou até os 80 anos. Eu comecei a trabalhar na TV Bandeirantes menino − era a TV Vila Rica −, como office-boy. Era curioso, inquieto. Fui ajudar no estúdio em algumas produções. Aí descobri a câmera de estúdio. Fui fazer câmara de estúdio, virei contrarregra. Mais curioso ainda, gostava das investidas das equipes nas ruas e aprendi a ser cinegrafista na época − hoje é repórter cinematográfico.
O tempo passou… Tive a oportunidade de trabalhar na TV Educativa − TV Minas, do Estado − por dez anos, na TV Manchete por quatro anos e na TV Globo estou há 26 anos como repórter cinematográfico. Fiz graduação em Jornalismo, pós-graduei em Cinema.
Aí, é inevitável, né? A Tábata veio a reboque dessa história do meu pai e da minha história. Ela fez Jornalismo também, se formou, entrou como repórter na TV Globo, no G1 − uma carreira muito promissora e de muito rápida ascensão. Porque televisão é imagem, né? E a Tábata, por ser por ser filha e neta de dois profissionais de imagem, sempre observou muito os detalhes, a composição, o discurso que a imagem tem como peso numa reportagem.
Mais do que isso, ela é um ser humano excepcional. Nascida num bairro da periferia de São Paulo, desde cedo eu a preparei muito, ela fez inglês cedo, estudou muito cedo, é inquieta, já tem duas graduações, duas pós… É missionária na profissão, trabalha em função de fazer a diferença na vida das pessoas, principalmente nessas causas das minorias: negros, LGBT, injustiça social… está sempre ligada a essas causas. Criou com uma equipe o Rolê nas Gerais (Globoplay). Isso deu a ela uma ascensão, um espaço de visibilidade muito grande. E está agora caminhando bacana numa empreitada no Fantástico. A coisa está andando, graças a Deus.
Mas, se pudesse resumir, é a história de Darwin. Evolução da espécie. Primeiro foi o meu pai, que chegou até onde pôde como profissional; depois foi a minha hora, eu cheguei até aqui; agora é o espaço da Tábata, que abriu o espaço dela, o caminho dela como comunicadora de massa na TV Globo. É bem interessante a nossa história de vida na televisão. E ela pauta sempre em defesa das minorias, entende a profissão como missão, não só como meio de ganhar dinheiro e pagar as contas.
É bem isso. São três negros da periferia na comunicação social. São três gerações vocacionadas e tendo a profissão como missão, de ajudar as pessoas que não têm voz. Se um de nós mortais bater na porta do governador ele não vai atender. Mas uma matéria bem feita, mostrando qualquer mazela no espaço social, de clínica médica, hospital que não funciona e tal… a gente faz uma boa reportagem e as pessoas vão nos ouvir.
Então, isso virou missão nas nossas vidas. E a Tábata nada mais é do que uma mulher vocacionada às causas sociais. É bem por aí.