Cerca de 100 jornalistas foram demitidos em 26/4 pela ESPN dos Estados Unidos. Nos últimos dois anos, a emissora já havia feito vários cortes em sua estrutura, mas nenhum jornalista que aparece no ar tinha sido atingido. Desta vez, no entanto, saíram vários rostos conhecidos do público norte-americano, como o repórter Ed Werder, especializado em NFL, e Jay Crawford, um dos âncoras do SportsCenter.
Segundo o site Notícias da TV, de Daniel Castro, a empresa, que pertence ao grupo Disney, está cortando gastos por causa de constantes perdas de assinantes e para se antecipar a prejuízos milionários a partir de 2019, quando terá que desembolsar US$ 8 bilhões (R$ 25 bilhões) em direitos de transmissão de eventos esportivos. Desde 2011, o canal estaria perdendo em média 2 milhões de assinantes por ano.
O desempenho da emissora estaria afetando inclusive a própria Disney. Segundo a Bloomberg, as ações da empresa caíram 7% desde agosto de 2015, mesmo com o lançamento de megaproduções, como o novo filme da franquia Star Wars. Alguns especialistas inclusive teriam sugerido a venda do canal de esportes.
Outro fator complicador dessa balança são as constantes quedas de receitas publicitárias. O último relatório da Disney informou que a venda de propaganda no canal caiu 7% no último trimestre de 2016. A audiência dos programas jornalísticos e de debates foi 16% menor no primeiro trimestre deste ano.
“Para se manter forte, o canal aposta em eventos ao vivo, que não perderam público”, destaca a nota de Daniel Castro. “Nessa estratégia, fechou no ano passado um acordo sem precedentes com a NBA, a liga de basquete dos Estados Unidos: desembolsará US$ 1,4 bilhão (R$ 4,5 bilhões) por ano, até 2025, para dividir as transmissões com a TNT. Também se comprometeu a pagar US$ 1,9 bilhão (R$ 6 bilhões) à NFL, a liga de futebol americano, até 2021. Para fechar a conta, a ESPN terá de manter o número de assinantes na casa dos 80 milhões (atualmente, são 88 milhões) e conseguir arrecadar US$ 3 bilhões (R$ 9,57 bilhões) anuais com anunciantes”.
A ESPN é o canal mais caro da TV paga dos EUA, custando às operadoras US$ 7,86 (R$ 25) mensais por assinante. Se perder propagandas e assinantes, o valor terá que subir para US$ 8,50 (R$ 27) daqui a dois anos. Em dez anos, o custo mensal da ESPN subiu 120%.