“Somos a era do conteúdo”. A frase do professor e jornalista Carlos Alberto Di Franco, durante a conferência de abertura da terceira edição do curso Estratégias Digitais para Empresas de Mídia (EDEM), em 3/6, coloca o jornalismo no centro das discussões sobre as infinitas transformações dos meios digitais. Apesar das novas regras da tecnologia, que apontam para o controle do big data, a velocidade da informação e a criação de bolhas “ideológicas”, entre outras, o jornalismo mantém o genuíno compromisso de contar boas histórias. Aliar as narrativas às tendências da tecnologia, dentro de um modelo de negócio sustentável, representa uma das propostas de reflexão do curso do ISE Business School, do qual Di Franco é presidente do Conselho Diretivo e diretor geral do Departamento de Comunicação.
Composto por três semanas de aulas expositivas e discussões em grupo, o EDEM articula teorias e reflexões sobre a atual situação do ecossistema de informação digital, com um olhar atento às oportunidades de modelos de negócios na indústria de comunicação. “Buscamos escapar das abordagens puramente ferramentais e, sim, trabalhar profundamente assuntos estratégicos, para evitar que os alunos adquiram conhecimento com prazo de validade”, afirma Glaucia Noguera, diretora acadêmica e professora do Departamento de Comunicação do ISE. “É importante entender, por exemplo, a lógica das plataformas digitais e não, simplesmente, o seu funcionamento”.
O curso, realizado na sede do ISE em São Paulo, conta com a participação de 20 profissionais de comunicação do Brasil e da América Latina. “O EDEM foi criado para atender, principalmente, àqueles que atuam em meios de comunicação tradicionais, acostumados a fazer jornalismo com rotinas muito lineares, e que agora vivem a dinâmica digital”, explica Gláucia. Na primeira semana de aulas, de 3 a 7/6, os alunos refletiram sobre temas que já impactam os negócios digitais, como o blockchain no mercado editorial, as regulamentações da privacidade de dados na web e os efeitos da economia da atenção nas redes. Dedicaram-se ainda a estudar os bem-sucedidos modelos de negócios das gigantes digitais – Google, Facebook, Amazon e Apple. Divididos em grupos, fizeram a leitura atenta das transformações empreendidas por veículos de comunicação como The New York Times, o canadense La Presse e a editora alemã Axel Springer. O estudo da transição do off-line para o online permitiu, então, identificar as diferenças e semelhanças com os modelos de negócios e atuação dos nativos digitais, como BuzzFeed e Quartz, por exemplo. O próximo módulo do curso, de 1º a 5/7, levará os alunos a uma imersão em assuntos relacionados a qualidade editorial.
O EDEM é resultado da fusão, em 2016, do curso Master em Jornalismo Digital, criado em 2008, com o Master em Jornalismo para Editores, que surgiu em 1997 com o objetivo de preparar os jornalistas para atuação em cargos de gestão (e posteriormente atualizado para Master em Gestão Estratégica e de Marcas). Desde 1997, foram formadas 22 turmas, com cerca de 500 alunos de todo o Brasil e da América Latina, além de Angola e Japão. A próxima edição do EDEM está prevista para início em julho de 2020.