O estudo Ataques contra jornalistas no Brasil: Efeitos catalisadores e resiliência durante o governo de Jair Bolsonaro mostra que os ataques do ex-presidente em vez de intimidarem, motivaram a imprensa.
Publicada em julho no The International Journal of Press/Politics, um dos principais periódicos das áreas de imprensa e política, a análise revelou que as ofensas contra comunicadores tiveram o efeito oposto do esperado.
Produzido por João Vicente Seno Ozawa, doutorando da Escola de Jornalismo e Mídia na Universidade do Texas, em Austin, em conjunto com os professores Josephine Lukito, Anita Varma, Rosental Alves e Taeyoung Lee, o artigo utilizou métodos quantitativos e qualitativos na avaliação.
As primeiras hipóteses foram divididas em duas; a primeira era “um aumento nos ataques contra jornalistas leva a uma diminuição na cobertura jornalística sobre Jair Bolsonaro”, e a segunda, “um aumento nos ataques contra jornalistas leva a um aumento na cobertura jornalística”. No entanto, nenhuma mostrou-se comprovada, segundo a análise quantitativa.
Durante o estudo qualitativo, quando 18 jornalistas que sofreram ataques pessoais do ex-presidente e seus aliados foram entrevistados, constatou-se uma maior disposição para o trabalho como reação.
“Vários jornalistas usaram a palavra ‘gás’ para articular sua reação aos ataques, que catalisaram a cobertura em vez de esfriá-la”, dizem os autores. “O objetivo de Bolsonaro de silenciar jornalistas por meio de ataques não parece funcionar. Em vez disso, eles não estão recuando”.
O resultado surpreendeu os pesquisadores e o principal autor do artigo. Osawa revelou à LatAm Journalism Review (LJR) que, “embora a democracia no Brasil seja falha e para poucos, ela mostrou resiliência. Esse estudo me deu ainda mais admiração pelo jornalismo brasileiro”.
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