Pesquisa inédita é um verdadeiro raio-x dos gestores que atuam nas agências de Relações Públicas no Brasil. Foi realizada entre abril e junho de 2024, com a participação de 110 gestores e faz parte do trabalho de encerramento da especialização em Estratégia Corporativa e de Negócios que a pesquisadora Fernanda Burjato concluiu este ano pela Fundação Getúlio Vargas.

São Paulo, outubro de 2024 – Um estudo acadêmico independente, conduzido pela jornalista e pesquisadora Fernanda Burjato, trouxe à tona os maiores desafios enfrentados pelos gestores de agências de PR no Brasil.

Foram consultados 110 gerentes, diretores e presidentes de agências de pequeno, médio e grande portes, em diferentes etapas de carreira e maturidade de gestão, distribuídos em localidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Brasília.

É um verdadeiro termômetro do que os gestores de PR enfrentam dia a dia nas agências, tanto na gestão de clientes quanto de equipes, e reflete os anseios e as dificuldades desses profissionais no Brasil,” afirma Fernanda Burjato.

Principais números

Entre os dados mais relevantes, destacam-se:

83% dos gestores não se sentem preparados para a gestão das suas equipes. A dificuldade em motivar, engajar e garantir a autonomia dos times é um senso comum entre os gestores do setor. A falta de uma postura consultiva e os problemas com a saúde mental foram apontadas como grandes desafios das lideranças na dinâmica de gestão das suas equipes.

89% dos gestores revelaram que suas agências não possuem processos e métodos estruturados para a gestão de clientes e equipes. A falta de governança é um dos aspectos que mais prejudica a eficiência operacional, que consiste na busca contínua de melhora de desempenho com o uso de técnicas de gestão.

Neste aspecto, 72% dos gestores revelam que não dominam a gestão financeira, de análise de rentabilidade e de crescimento orgânico no processo de gestão dos clientes ativos que possuem em suas carteiras. Um dos principais desafios é controlar adequadamente as horas vendidas aos clientes, fazer a gestão das entregas pelos times para que não excedam o contratado e desenvolver competências para não deixarem escapar oportunidades de negócios.

90% dos gestores acreditam ter um bom relacionamento com clientes, relações de confiança e comunicação aberta, embora apenas 74% considerem que o cliente percebe a qualidade técnica do trabalho entregue.

Depoimentos reveladores dos gestores de PR

Os relatos mostram um mercado em busca de equilíbrio entre entregar resultados excepcionais, cuidar da saúde mental das equipes e manter a sustentabilidade e o sucesso das operações, comenta a pesquisadora. Foram muitos os pontos trazidos à tona:

  • Clareza do escopo contratado pelo cliente x entregas exigidas da agência
  • Alinhamento das expectativas entre agência e cliente
  • Entendimento do que é o trabalho de Relações Públicas
  • Sobrecarga de trabalho e saúde mental dos times
  • Questionamentos sobre a qualidade das entregas
  • Falta de proatividade e autonomia das equipes de atendimento ao cliente
  • Necessidade de desenvolvimento de competências para liderar equipes
  • Capacidade de análise de rentabilidade e saúde dos contratos

Sobre a importância de ter um escopo bem definido, entender os budgets e buscar o equilíbrio comercial entre as partes, um gestor comentou:

  • “Precisamos de clareza em relação aos budgets e às expectativas do que está dentro ou fora do fee mensal pago pelos clientes às agências. Muitas vezes o cliente diz: “surpreenda-me”. E, nisso, vamos entregando planejamentos e estratégias além do contratado e horas além das contratadas.  Esse exercício de criatividade e proatividade leva tempo, consome horas, e, claro, custa. Só que o cliente da agência de Relações Públicas não quer pagar. É um exemplo claro do valor percebido que o nosso mercado ainda tem a conquistar”.

A falta de autonomia e de proatividade das equipes foi um dos desafios mencionados:

  • “Meu maior desejo é ter uma equipe autogerenciável e com tempo para ser proativa; que assuma a responsabilidade pelo cliente como se fosse seu próprio negócio. É raro encontrar profissionais com essa postura, que façam uma gestão inteligente do próprio tempo e das entregas e tenham capacidade consultiva.”

Os impactos da sobrecarga de trabalho foram igualmente ressaltados:

  • “Os prazos são curtos e o volume é intenso. Isso prejudica a qualidade das entregas e, obviamente, as relações entre cliente e agência. Como colocar limites, preservar a saúde mental da equipe, fazer uma boa gestão das entregas e garantir um bom relacionamento com o cliente?”

A necessidade de relações de maior confiança, alinhamento constante de expectativas e transparência também veio à tona:

  • “O meu maior desejo é que os clientes nos vejam como parceiros estratégicos e confiem no trabalho, e não nos enxerguem apenas como executores de demandas ou vendedores de pauta. Precisamos de uma comunicação mais aberta, receptiva e de mais espaço e tempo para propor soluções inovadoras sem sermos pressionados pelo imediatismo.”

Formar bons gestores é um dos caminhos para a solução.

Para amenizar as dores e garantir que as agências continuem a entregar valor em um cenário tão competitivo, Fernanda recomenda o desenvolvimento de competências em gestão; o desenvolvimento das equipes de atendimento para entregas de alta performance e para gestão do tempo e da qualidade; e a implantação de processos e métodos claros e estruturados que viabilizem as correções de rota necessárias. “A boa notícia é que, com o treinamento, conhecimento e a estrutura certos, as agências podem se transformar em parceiros estratégicos de seus clientes e elevar a qualidade das entregas,” comenta.

Do profundo incômodo nasce a primeira mentoria para formação de gerentes para o mercado de agências de Comunicação

Diante dos estudos do mercado realizados este ano por Fernanda Burjato (o primeiro analisou a nova geração que está chegando nas agências de comunicação), a jornalista criou a primeira mentoria para formação de gerentes em agências de Comunicação do Brasil, exclusivamente pra quem quer evoluir a mentalidade, melhorar a relação cliente-agência e desenvolver competências para gestão de equipes. “Escolhi o caminho da Mentoria pois a proximidade com os mentorados, a profundidade no debate dos temas, a transmissão de conhecimento e a transferência de experiências são muito viáveis em processos personalizados”, explica. As sessões de mentoria começam agora em novembro e as vagas são limitadas.

Sobre Fernanda Burjato

Fernanda Burjato

Fernanda Burjato é jornalista, com 25 anos de experiência em Comunicação Corporativa e Relações Públicas (PR). Iniciou a carreira em empresas e migrou para o universo de agências de Relações Públicas há 20 anos, tendo conquistado sólida experiência na gestão de clientes e equipes.

Foi executiva nas principais agências do Brasil, liderou grandes equipes de atendimento e atendeu empresas de diferentes portes e níveis de complexidade, como GOL, MAPFRE, Sicredi, Banco Mercantil, RD Station, Cisco, Andrade Gutierrez, Pirelli, Grupo Schincariol, entre outras.

Nos últimos 3 anos, desenvolveu metodologia exclusiva de Gestão de Clientes que já vem inspirando a implantação de novos processos no mercado.

Sob a ótica dos clientes, foi duas vezes consecutivas eleita como uma das profissionais mais admiradas do mercado pelo estudo PR Scope (edições 2021/2022 e 2023/2024).


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