Eugênio Bucci lançou o livro A Superindústria do Imaginário: Como o Capital Transformou o Olhar em Trabalho e se Apropriou de Tudo Que É Invisível. A obra já é considerada fundamental para profissionais de comunicação ao teorizar sobre os mecanismos usados pelas redes sociais para fazer com que seus usuários trabalhem de graça e permitam a exploração de suas informações em bases de dados.
Professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, Bucci referiu-se às plataformas sociais como Google e Facebbok “como conglomerados monopolistas globais, cujos algoritmos sabem tudo sobre a intimidade dos frequentadores da internet e esses frequentadores nada sabem sobre os algoritmos”.
O jornalista questionou também o bolsonarismo, alegando ser “uma legião de aproveitadores que se apropriaram de ferramentas da era digital para promover a mentira, o ódio e o culto da violência” e atribuiu ao fenômeno das redes sociais o que chamou de “perda de contato com a razão, com os fatos e com a política orientada para o bem comum”. Nesse contexto, associou o fenômeno ao recrudescimento do ultraconservadorismo.
“Perto disso, o 1984 de George Orwell é uma fábula infantil”, diz ele. “A exploração econômica que esses conglomerados realizam é mais absurda ainda. Pensemos nas plataformas sociais. O modelo de exploração chega às raias da desumanidade. Quem são os digitadores, os fotógrafos, os editores, os locutores, os atores e os modelos de tudo o que aparece nas plataformas? Ora, os ’usuários‘, como aprendemos a chamá-los”.