Com homenagens de familiares, representantes do governo, empresários e uma legião de amigos que angariou ao longo de anos na Capital do País, o corpo do vice-presidente executivo do Correio Braziliense, Evaristo de Oliveira, foi sepultado no sábado (25/11), na Ala dos Pioneiros da cidade no Cemitério Campo da Esperança. Criada em 1959, a ala é reservada a sepultamentos de servidores públicos lotados no DF e de pessoas que prestaram colaboração em diversas atividades na Capital Federal.
Evaristo faleceu em 22/11, aos 72 anos, de complicações advindas de uma crise cardíaca. Visivelmente emocionado, o presidente do Correio, Álvaro Texeira da Costa, homenageou o amigo: “É meu querido irmão. Sempre teve uma palavra de amizade, carinho e compreensão aos nossos arroubos. Ele tinha 52 anos de carreira no Correio, e eu 51 de Estado de Minas e Correio. Começamos praticamente juntos, fomos eleitos para o condomínio juntos. Tivemos uma carreira praticamente juntos”.
Mais de 300 pessoas participaram da despedida. Em nota, o presidente Michel Temer: lamentou a perda. O governador do DF Rodrigo Rollemberg decretou luto oficial de três dias. Evaristo deixou a mulher Regina, os filhos Guilherme e Gabriela e quatro netos.
Um lorde no Cerrado
Pioneiro, empreendedor e um dos nomes de peso por trás da marca Correio Braziliense, Evaristo de Oliveira era tido como um lorde pelos que se relacionaram com ele – quer na vida pessoal quer nos longos anos em que esteve à frente do também pioneiro jornal da Capital Federal. O título lhe foi conferido por sua postura suave, elegante e cortês.
A relação dele com Brasília começou em 1956, quando, ainda menino, assistiu à movimentação de operários e de máquinas que chegavam para consolidar o sonho de JK. “Costumo brincar que não vim para Brasília, Brasília é que veio até mim”, disse Evaristo em uma entrevista realizada em 2011. Goiano de Luziânia, desembarcou na cidade em 1965, aos 19 anos, para estudar. No mesmo ano, ingressou, pelos classificados, no Correio, empresa onde permaneceria por 52 anos. Começou como datilógrafo, foi chefe do Departamento de Pessoal, comandou a Contabilidade, assumiu a Gerência de Operações e depois foi diretor-gerente, até ser eleito para o Condomínio Acionário do Grupo Diários Associados, em 1992.
Em 2015 foi homenageado pelo Correio pelas cinco décadas de atuação no jornal. À época, a diretora de Redação Ana Dubeux, primeira mulher a entrar nos Diários Associados, disse em seu comentário: “Evaristo é testemunha e protagonista da história do jornal que faz parte da trajetória da cidade, pois o Correio nasceu no mesmo dia de Brasília”.
Em 12 de setembro último, dia do aniversário do falecido presidente Juscelino Kubitschek, Evaristo recebeu, pelo seu trabalho, por sua história de vida pessoal e profissional e por sua permanente defesa da memória de Brasília, a Medalha JK, em seu grau máximo. Foi a última homenagem que recebeu em vida.