A Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) detectou dificuldades, obstruções, restrições e intimidações enfrentadas pelos profissionais de imprensa durante seu trabalho de cobertura do novo coronavírus.
De acordo com enquete realizada pela entidade – que levou em conta respostas de aproximadamente 1,3 mil jornalistas de 77 países –, três em cada quatro dos participantes afirmaram que já tiveram dificuldades enquanto cobriam o tema. O estudo, realizado de 26 a 28 de abril, indicou que dois terços dos jornalistas empregados e freelances sofreram cortes salariais, redução de renda, perda de empregos, cancelamento de empregos ou agravamento de suas condições de trabalho.
Anthony Bellanger, secretário-geral da FIJ, explicou que a pesquisa “revela uma tendência preocupante de deterioração da liberdade de mídia e cortes no jornalismo no momento em que o acesso a informações e jornalismo de qualidade é crucial. O jornalismo é um bem público e merece o apoio das autoridades e o fim das pressões e obstruções políticas”. No Brasil, pesquisa foi aplicada pela Fenaj, afiliada da FIJ.
Os resultados indicaram que quase todos os jornalistas freelances perderam renda ou oportunidades de emprego; mais da metade sofreu estresse e ansiedade; mais de um quarto não tem o equipamento necessário para trabalhar com segurança em casa; um em cada quatro não tem equipamento de proteção para trabalhar em campo; dezenas de jornalistas foram presos, denunciados ou agredidos; e mais de um terço dos profissionais tiveram que mudar seu foco jornalístico para abranger informações relacionadas à pandemia.
No que se refere à liberdade de imprensa, profissionais de Grécia, Indonésia, Portugal, Peru, Chade, entre outros, descreveram a situação de seus respectivos países com os termos “precária”, “problemática”, “terrível”, “pior”, “em declínio” ou “restrita”. No caso do Brasil, um jornalista disse que “o governo federal despreza jornalistas. Ataca a imprensa todos os dias pelas informações que publica, desacredita e humilha os profissionais da mídia”.