A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lançou nesta terça-feira (18/5) o e-book O impacto das plataformas digitais no Jornalismo. Fruto do trabalho de jornalistas e pesquisadores de diferentes áreas, com o apoio da Fundação Friedrich Ebert, a publicação reúne artigos que tratam do impacto político, econômico e cultural das megacorporações mundiais da internet no ecossistema jornalístico brasileiro.
Segundo a entidade, “o livro tem o objetivo de traçar, de forma interdisciplinar, ao longo de sete capítulos, o retrato de como a internet está estruturada no País, seu impacto na contemporaneidade, as consequências da sua presença na sociedade e, especialmente, seu reflexo no jornalismo”.
A organização é do diretor de Relações Institucionais da Fenaj, José Augusto Camargo, e a obra conta com textos de Beth Costa, Dão Real Pereira dos Santos, Jefferson Martins de Oliveira, Marcos Dantas e Victor Pagani.
“Com a emergênia das redes sociais na internet, o mercado publicitário vem transferindo seus investimentos da mídia impressa para a mídia digital”, comenta José Augusto. “Isto causou uma crise no modelo de financiamento da imprensa tradicional. Os jornais e as revistas vêm, ano a ano, perdendo espaço publicitário (…). As empresas de jornais estão fechando, diminuindo suas tiragens, diminuindo o número de trabalhadores, algumas acabam encerrando as edições impressas e ficando exclusivamente com edições na internet E isto tudo tem impactado, inicialmente, o mercado de trabalho dos jornalistas; segundo, a saúde financeira das empresas; terceiro, tem uma consequência na própria organização da sociedade brasileira, porque a informação veiculada pela internet não apresenta, no geral, a mesma qualidade daquela que era veiculada na imprensa escrita. A imprensa digital carece do trabalho de edição criterioso, de seleção, da apuração, que é a essência do trabalho do jornalista profissional”.
No final do e-book, o leitor toma contato com o projeto proposto pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) de taxar as grandes plataformas digitais, visando à constituição de um fundo para fortalecimento do jornalismo e pela valorização das e dos jornalistas. Ambas as propostas estão em estudo pela Fenaj, que, em meados de 2020, formou um grupo de trabalho para tratar da questão.
Para Maria José Braga, presidente da entidade, “é papel do poder público garantir ao cidadão informação jornalística de qualidade. É a informação de qualidade que produz exercício da cidadania. Então, o financiamento público para a produção jornalística é essencial. Ele precisa ser transparente. Google e Facebook ampliaram seus programas de suporte e custeio a novos projetos jornalísticos, mas a grande questão é se tais iniciativas pontuais são capazes de resolver problemas estruturais causados pela ação predatória das plataformas sobre o jornalismo e sobre o trabalho das e dos jornalistas. Com a proposta de taxá-las e criar, com essa arrecadação, um fundo de apoio à atividade jornalística, a FIJ e a Fenaj estão fazendo um enfrentamento direto às chamadas big techs”.