Celebrar a diversidade e a valorosa contribuição de homens e mulheres negras é sempre importante. Aliás, é vital. Afinal, apesar de este contingente representar cerca de 55% da população brasileira (segundo dados do IBGE), seu trabalho e sua trajetória nem sempre receberam o devido reconhecimento e valorização. Foi com este espírito que nasceu em 2023 o Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira, iniciativa conjunta da newsletter Jornalistas&Cia, do portal Neo Mondo, do site 1 Papo Reto e da Rede de Jornalistas Pretos Pela Diversidade na Comunicação (Rede JP).
Fazemos hoje (15/5/2024) o lançamento simbólico da edição 2024 do Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira, cuja mecânica obedecerá ao mesmo ritual já consagrado em todas as iniciativas de Jornalistas&Cia/Portal dos Jornalistas. Avançar nesta iniciativa sempre foi nosso desejo e o maior desafio. Afinal, sabemos que a perenidade não é uma característica marcante dos projetos comandados ou direcionados aos afro-brasileiros. Boa parte dos prêmios e homenagens surgem e se apagam rapidamente, por falta de patrocínio ou apoio institucional.
Sabemos que para estes brasileiros a jornada é sempre mais difícil. Contudo, o sucesso obtido já na primeira edição do Prêmio nos enche de esperança e nos alimenta da força para seguir adiante. “Desde o início, observamos uma forte adesão tanto dos participantes quanto do público jornalístico, evidenciando a demanda significativa e a lacuna a ser preenchida no cenário”, diz Marcelle Chagas, coordenadora da Rede JP. “Para a segunda edição, nosso objetivo é garantir que consigamos manter a mesma beleza e impacto, de forma sustentável, como alcançamos na primeira edição. Ao longo da história, muitos prêmios semelhantes enfrentaram desafios de sustentabilidade devido à falta de apoio das grandes empresas, destacando a difícil realidade que os projetos destinados a destacar figuras negras enfrentam. Estamos comprometidos em superar esses obstáculos e continuar valorizando e reconhecendo a excelência dentro dessa comunidade”.
O empenho dos realizadores está amparado em valores institucionais e no compromisso com a luta antirracista, como destaca Eduardo Ribeiro, diretor de Jornalistas&Cia/Portal dos Jornalistas: “Desde 2021, quando tivemos a oportunidade de realizar o Censo Racial da Imprensa Brasileira, que constatou com evidências tudo aquilo que já intuíamos sobre a presença dos negros nas redações jornalísticas do País (ampla minoria), tínhamos a ideia de fazer uma ação ainda mais propositiva de realçar e valorizar a presença dos jornalistas negros e negras na imprensa brasileira”.
Eduardo conta que esse foi um dos mais concorridos prêmios organizados por Jornalistas&Cia/Portal dos Jornalistas, desde 2014, quando as premiações começaram a ser realizadas. Outro dado que merece destaque é que as mulheres ocuparam a dianteira em todas as categorias. Para chegar aos 117 jornalistas classificados, foi indicado um total de 347 profissionais. Entre os finalistas, a predominância foi das mulheres, com 73 classificadas. O Sudeste foi a região com maior número de representantes no geral, 84, seguido de Centro-Oeste (13), Nordeste (10), Sul (6) e Norte (4). Já entre os profissionais de imagem, foram 107 indicações para chegar aos 15 mais bem classificados. Na eleição dos veículos, foram lembradas 194 publicações diferentes na soma das duas categorias: mídia geral e mídia fundada ou comandada por afro-empreendedores.
Como vimos, os números demonstram que tanto os jornalistas quanto o mercado receberam muito bem a iniciativa. E, da nossa parte, não envidaremos esforços para surpreender a audiência. “A premiação que confirma o trabalho de jornalistas negros(as) e mídias negras em um país onde o racismo estrutural tem raízes profundas é muito mais do que apenas uma celebração de conquistas individuais”, diz Oscar Luiz, publisher do portal Neo Mondo. “Ela carrega consigo um significado simbólico que transcende o mundo do jornalismo e alcança o cerne da luta por igualdade e justiça racial. Em um contexto onde o racismo sistêmico permeia todos os aspectos da sociedade, incluindo a mídia, a consideração e a celebração de jornalistas negros(as) e mídias negras é uma forma poderosa de desafiar e questionar o status quo. Essa premiação não apenas destaca o talento e a dedicação desses profissionais, mas também confronta a narrativa dominante que muitas vezes marginaliza as vozes e perspectivas da comunidade negra”.
Só com essa maior diversidade é que o jornalismo conseguirá ser também diverso em suas pautas, em suas equipes e em seu olhar da sociedade. Já podemos adiantar que, graças à parceria com a consultoria GSS Carbono, do Paraná, vamos mitigar todas as emissões geradas nas diversas etapas do Prêmio, tornando-o um evento carbono zero.
Esperamos encontrá-los novamente em novembro!