Gabi Coelho, que trabalha para o núcleo de checagem de fatos do jornal O Estado de São Paulo em Belo Horizonte, já está tomando medidas jurídicas contra os ataques virtuais que sofreu a partir de 22 de janeiro. O caso está sendo acompanhado por um advogado e os agressores deverão ser processados por injúria e racismo.
Os ataques começaram depois que a repórter realizou uma checagem de afirmações em redes sociais. Nela, Gabi mostra que são “enganosos os posts no Twitter que lançam dúvidas sobre a Coronavac por conta de seus dados de imunogenicidade – a capacidade que uma vacina tem para induzir o sistema imunológico a produzir anticorpos”. As postagens tiravam de contexto uma declaração de Gustavo Mendes, gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa.
Ela abordou o usuário responsável pelos posts via direct e, na sequência, ele postou a conversa dos dois em sua conta, insinuando que Gabi não havia checado a entrevista coletiva do Ministério. Em seguida, ele a bloqueou de sua rede social e ela ficou impedida de acompanhar os posts do gerente sobre a credibilidade de seu trabalho. Com auxílio de profissionais e organismos de defesa dos direitos nas redes, Gabi documentou as agressões, que servirão de provas no processo. Em posts dos seguidores de “Fiuza Pistola”, a repórter foi chamada de “burra”, “safada”, “praga terrorista”, “jornazista” e “besta quadrada”. Um dos agressores afirmou: “Só pela capivara dela você já vê que é lixo”.
Gabi fechou suas redes sociais por três dias, depois de receber dezenas de mensagens ofensivas no Twitter: “Fechei minhas redes depois que percebi que até minha foto eles vazaram. Para minha própria segurança, fechei as contas com receio de mais exposição. É uma forma de constrangimento à liberdade de imprensa”.
Ela contou que já recebeu outros ataques em redes sociais, mas uma onda como essa não acontecia desde 2018, quando ela trabalhava como jornalista de direitos humanos. Gabi ressaltou o caráter racista e misógino das postagens dos seus agressores.