Política é prioridade: Pedro Dias Leite será o novo editor de País. Fábio Vasconcellos comanda a checagem de dados. Carolina Morand apresenta os programas em vídeo Quando a Infoglobo unificou, em janeiro, as redações de O Globo, Extra e Expresso, tinha como principal objetivo ampliar a produção de conteúdo para as plataformas digitais. As mexidas nos cargos tradicionais, a criação de funções até então inexistentes e os lançamentos de agora fazem parte desse projeto. Para que isso aconteça, a primeira reunião dos editores ocorre às 7h30. Noticiário inédito será oferecido ao longo do dia, sem “limitar a entrega do conteúdo premium somente às edições diárias”, na definição do diretor-geral Frederic Kachar. A ideia é produzir um ciclo de notícias de 24 horas, com horários nobres, os prime times. Ascânio Seleme, diretor de Redação do Globo, resume para o Portal dos Jornalistas a importância das estreias desta semana: “Estamos trabalhando para atender às enormes demandas de nossos leitores, que são muito exigentes, e para buscar novos leitores, que precisem de informação de qualidade, precisa, rápida e densa que os auxiliem a tomar decisões no seu dia a dia. Estamos construindo alternativas para que os nossos leitores nos encontrem em todas as plataformas nas inúmeras etapas de suas vidas. E para que os que estão chegando agora entendam que somos indispensáveis e se sintam à vontade pagando pelo conteúdo que produzimos”. Entre as novidades, está uma versão três vezes mais ágil no celular. E uma nova cara do jornal para quem lê em tela pequena e em movimento. O design permite exibir o conteúdo da melhor forma, com fotos e gráficos maiores. Antônio Coelho, diretor de Estratégias Digitais, explica que a empresa começou um novo desenvolvimento do zero para atingir velocidade, levando em consideração a realidade da conexão brasileira no equipamento móvel. E a interação é importante: já na capa estão os ícones das redes sociais para o leitor compartilhar. Pedro Dias Leite será o novo editor de País Na nova configuração, a Política do Globo (ainda que o nome formal da editoria seja País) ganha destaque e reforços. A coluna publicada na pág. 2, passa a se chamar Poder em jogo. Como informamos em nossa edição anterior, Lydia Medeiros, em Brasília, assume esse espaço. Eventualmente, Jorge Bastos Moreno terá um rodapé na coluna diária, o Cantinho do Moreno. Pedro Dias Leite deixa a Veja e começa em abril como editor de País. O cargo era exercido interinamente por Maiá Menezes desde janeiro, quando das mudanças na redação do jornal. O então editor Alan Gripp passou a editor de Integração, chefiando a Mesa Central de Produção de Conteúdo. Editor sênior de Brasil na Veja, Dias Leite tem mestrado por The London School of Economics and Political Science (LSE). Após o início da carreira como repórter na Folha de S.Paulo, foi correspondente do jornal em Nova York e Londres. Em 2012, deixou a Folha e foi para Veja. Fábio Vasconcellos comanda a checagem de dados A checagem de dados, ou fact checking – que hoje, no Brasil, tem mais visibilidade na mídia independente –, ganha uma seção chamada É isso mesmo?. Uma equipe de sete profissionais, chefiados por Fábio Vasconcellos, vai conferir os discursos das autoridades e os boatos disseminados nas redes sociais. Essas notícias serão classificadas como: (1) Verdadeiro; (2) Falso; (3) Não há confirmação; (4) Verdadeiro, mas… (confirmada parcialmente, desatualizada ou fora de contexto); e (5) Não é bem assim (interpretação parcial). O Extra manterá seu próprio grupo de checagem, chamado #Éverdade#Éboato, que existe desde 2010. O diretor de Redação Octavio Guedes lembra que o maior patrimônio do jornalismo profissional é a credibilidade. Pelo visto, a empresa explora esse diferencial, desde sempre apontado como o que distingue o jornalismo do diletantismo. Já existem mais de cem iniciativas de checagem de dados em 47 países. Nos Estados Unidos e na Europa, grandes veículos se aliaram a plataformas como Google e Facebook para evitar que as notícias falsas se espalhem na internet. No Brasil, chegou há pouco à grande imprensa. Quatro newsletters diárias, e mais três virão – para o leitor escolher As newsletters diárias não são mais uma lista de notícias, mas passam a ser notas redigidas por jornalistas e assinadas pelos editores executivos. A primeira, enviada por volta das 7h, intitulada Para começo de conversa, traz notícias, reportagens e serviço. A do início da noite chama-se Se você ainda não viu, e resume as notícias do dia, com análises. No decorrer do dia, circulam mais duas: Gente do Globo, com os colunistas, às 9h, e Opinião, com editoriais e artigos, às 10 horas. Há a previsão de lançamento de outros boletins, sobre cultura, estilo e serviço. O leitor pode se inscrever no site do jornal para receber aquelas de sua preferência. Carolina Morand apresenta programas em vídeo O site estreia dois programas em vídeo, com Carolina Morand (ex-CBN). Porque hoje é segunda, no primeiro dia da semana, às 10h, tem duração de 30 minutos e participação de editores, colunistas e repórteres. No final da semana, Porque hoje é sexta será exibido às 16h. Ambos também são transmitidos ao vivo no canal do Globo no Facebook. O podcast Pop zêra, para público jovem, é produzido pela equipe do Segundo Caderno e fala de música, cinema e séries, entre outros assuntos da cultura pop, toda quinta-feira, às 16 horas. Relax, opinião: a distância de Frei Paulo Ancelmo Gois, na coluna que leva seu nome, no primeiro caderno do Globo – e que permanece com altíssimo índice de leitura, atestado pelo preço dos anúncios nessa página –, usa como bordão citar sua cidade natal, Frei Paulo, em Sergipe, toda vez que se depara com ideias que considera extravagantes. Vigilante do vernáculo, outro bordão do colunista, diante dos anglicismos onipresentes, é repetir o termo em inglês, acrescentando “… é o cacete”. Falamos aqui de podcasts, conteúdo premium, prime times, design, fact checking, newsletters… é o cacete? A mídia brasileira que antecipa tendências ainda não chegadas (nem bem traduzidas) aqui, o leitor brasileiro que se divide entre o que migra do papel para a tela com a velocidade das gerações tecnológicas nativas e o que permanece com raízes no sertão, encontrariam um caminho do meio para a sobrevivência sustentável desse meio? Vamos acompanhar.