Está marcada para o próximo domingo (29/7), na celebração de mais um aniversário do jornal, a estreia da nova reforma gráfica de O Globo. Contratada há dois anos para o trabalho de atualização, a Cases i Associats, de Barcelona, destacou para a consultoria o designer brasileiro radicado na Espanha Chico Amaral, que tem no currículo várias outras reestruturações de diários brasileiros. O comando da Redação conduziu as pesquisas e discussões internas, e o ambicioso projeto foi coordenado pelo editor de Arte Léo Tavejnhansky. As mudanças gráficas vão aparecer em todas as seções: logomarcas, titulagem, tipografia exclusiva, cor em todas as páginas, e edição com mais clareza ao hierarquizar as notícias. Na parte editorial, o conteúdo será totalmente produzido no sistema NewsGate, coroando uma transição que uniu a Redação e a área tecnológica, em processo que também durou dois anos. Uma nova tipologia foi criada especialmente para o jornal pelo premiado australiano Kris Sowersby, autor de 247 diferentes fontes. A nova família de letras, batizada de O Globo, tem as extremidades cortadas em ângulo, como o L da atual logomarca do jornal. A diferença é sutil, mantendo aspectos visuais tradicionais, mas o conjunto terá um efeito próprio, renovado. O primeiro periódico a adotar tipos exclusivos foi o britânico The Times que, há 80 anos, lançou o tipo Times New Roman, depois adotado em revistas, livros e computadores. Em termos editoriais, há dois destaques. O novo suplemento Amanhã traz uma cobertura mais ampla de meio ambiente, economia sustentável e redução das desigualdades sociais. Após a fusão dos cadernos Planeta Terra e Razão Social, a nova revista semanal circulará às 3as.feiras, com 30 páginas. Também o Prosa & Verso se reformula, sem se restringir às notícias do mercado editorial, e vem com mais ensaios, definidos como um espaço de reflexão e debate dentro do jornal. Os Classificados ganharam marca própria, um balão azul com a letra C. A versão online do jornal, que passou por uma reformulação em novembro do ano passado, deve seguir as mudanças do impresso, em termos de logo, títulos e fonte de letras. Em particular, dará mais destaque para fotos, que passam a ocupar toda a largura da página virtual. ?Em meio a tanta informação chegando por tantas plataformas diferentes para o leitor ao longo do dia, é o impresso que organiza, analisa, resume, aprofunda o debate?, diz o diretor de Redação Ascânio Seleme.Concorrentes debatem papel do jornal Nesta 5ª feira (26/7), haverá festa de apresentação do novo projeto gráfico de O Globo no Copacabana Palace. Antes disso, nesta 3ª (24/7), Ascânio Seleme recebeu Ricardo Gandour, diretor de Conteúdo de O Estado de S. Paulo, Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha de S.Paulo, e Vera Brandimarte, diretora de Redação do Valor, para um debate, no auditório do jornal, sobre os aspectos editoriais da mídia impressa. Com mediação de Mineiro (Luiz Antônio Novaes), os quatro falaram brevemente sobre O papel do jornal e para onde ele vai, agora que é multiplataforma. Mais tempo levaram respondendo às perguntas da plateia, em que estava Jayme Sirotsky, presidente emérito do Grupo RBS. Como era de se esperar, os editores demonstraram otimismo. Dávila citou a circulação média diária no Brasil e o número de leitores por exemplar; e, usando como referência os critérios do Ibope para avaliar audiência por número de espectadores, concluiu que o público do impresso é muito maior do que a percepção nos faz crer. Gandour fez um paralelo entre os leitores fieis e as redes sociais, lembrando que os primeiros nada mais são do que ?curtidores? e ?seguidores?. Vera vê o jornal do futuro mais compacto, em forma e conteúdo, com menos páginas e textos mais densos. Ascânio mostrou, lado a lado na tela, alguns exemplos da reforma gráfica: a página 2, com cor, chamadas no alto e fotos comentadas, está muito diferente; o Segundo Caderno é outro, tem sua marca; e apareceu um Prosa & Verso em movimento. Lançado por Irineu Marinho em 1925, O Globo levou 70 anos para fazer sua primeira reformulação gráfica. Em 1995, o designer Milton Glaser, criador do ícone I Love NY, mudou a forma de apresentar as reportagens e mexeu em toda a estrutura do jornal. As novas mudanças chegam 17 anos depois.