O Governo Lula deixou “em suspenso” o plano de colocar o ex-deputado federal e jornalista Jean Wyllys como assessor na Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom). A decisão ocorreu após discussão nas redes sociais entre Wyllys e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. As informações são do UOL.
O desentendimento entre os dois ocorreu após o Governo Lula anunciar o fim do programa federal de escolas cívico-militares, marca do ex-presidente Jair Bolsonaro no setor da educação. Leite, que apoiou Bolsonaro nas eleições de 2018, declarou que manteria as escolas cívico-militares na rede estadual gaúcha.
Wyllys então se manifestou contra a decisão do governador do RS, chamando-o de “gay com homofobia”: “Que governadores héteros de direita e extrema direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay…? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então… Tá feio, ‘bee’” (gíria para homem homossexual), escreveu o ex-deputado federal nas redes sociais.
Leite respondeu que a manifestação de Wyllys foi “deprimente e cheia de preconceitos em incontáveis direções − e que em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância. Jean Wyllys, eu lamento a sua ignorância”.
O governador do RS denunciou Wyllys por homofobia no Ministério Público do estado. A Justiça determinou que o ex-deputado federal removesse as postagens contra Leite, o que ele fez.
Wyllys retornou ao Brasil após quatro anos, período descrito por ele próprio como autoexílio. Em 6 de junho, encontrou-se com o presidente Lula e recebeu o convite para trabalhar na área de Comunicação da Presidência. O nome de Wyllys foi sugestão da primeira-dama Janja da Silva, e a nomeação do ex-deputado gerou opiniões divergentes internamente. Os críticos ao trabalho de Wyllys citaram seu estilo “agressivo” nas redes sociais, que poderia acabar sendo utilizado também em ações da pasta.