Reportagem da Deutsche Welle reproduzida pelo Poder360 mostra que, no Rio de Janeiro, de 1830 a 1860, um grupo decidiu propagar informações falsas sobre políticos. O objetivo era atacar deputados “mentirosos” com mentiras sobre eles.
O grupo chamava-se Sociedade Petalógica do Rossio Grande, que posteriormente congregou nomes como os dos escritores Machado de Assis e Joaquim Manuel de Macedo, o jornalista e político Quintino Bocaiúva e o magistrado e político Eusébio de Queirós.
Os membros do grupo reuniam-se na Praça da Constituição, hoje Praça Tiradentes, e publicavam as fake news no periódico A Marmota Fluminense. As notas publicadas por eles eram replicadas em outros jornais, como Diário do Rio de Janeiro e Correio Mercantil.
Segundo a historiadora Cristiane Garcia Teixeira, apenas os mais atentos percebiam que as notas eram falsas. E o propósito era este mesmo: mostrar que alguma coisa estava errada. Um texto publicado em 1853, por exemplo, afirmava que as praias estavam em perfeitas condições e que “as famílias podem voltar a frequentar esses ambientes cuja administração é digna de elogios“. Mas, na realidade, naquela época, os espaços públicos vinham recebendo críticas e não apresentavam boas condições.
Cristiane destaca que essa produção de inverdades tinha cunho político. “Eram críticas geralmente endereçadas. Os maiores alvos eram os vereadores e os deputados. Mas eles também falavam da conservação dos passeios públicos, da Igreja e faziam outras críticas sociais“. O grupo esteve ativo por cerca de 30 anos.