Desde que anunciaram na última semana parceria com o Facebook em um programa de verificação de conteúdo postado na rede social, as agências de fact-checking Lupa e Aos Fatos, seus jornalistas e colaboradores passaram a sofrer ataques no próprio FB e em outras plataformas, como Twitter e WhatsApp.
Por meio de vídeos e montagens, páginas e pessoas públicas classificam a iniciativa de checagem como “tentativa de censurar a direita”, atribuindo às agências e seus profissionais o rótulo de “esquerdistas”. Os conteúdos e falas incitam o público a “reagir”. Em alguns casos, fotos de cônjuges e pessoas próximas aos profissionais também foram disseminadas junto a afirmações falsas e ofensivas.
Em nota que emitiu nessa quarta-feira (16/5) sobre os ataques, a Abraji afirma que “a crítica ao trabalho da imprensa é válida e necessária. Ao incitar, endossar ou praticar discurso de ódio contra jornalistas, porém, aqueles que reprovam as iniciativas de checagem promovem exatamente o que dizem combater: o impedimento à livre circulação de informações”.
Prossegue o comunicado: “Os ataques pecam ainda pela imprecisão: o programa do qual a Aos Fatos e a Lupa fazem parte não envolve a retirada de conteúdos do Facebook ou o impedimento à publicação. De acordo com o próprio Facebook, conteúdos identificados como falsos continuarão disponíveis no feed de notícias; mas não poderão ser patrocinados. Quem quiser compartilhá-los receberá um alerta de que a veracidade da informação foi questionada. Os critérios de checagem das agências são públicos e atendem aos requisitos da International Fact Checking Network (IFCN) — um dos quais é o apartidarismo. A IFCN é parte do Poynter Institute, um dos mais renomados centros de formação e aprimoramento do jornalismo”
A parceria de verificação do Facebook com a duas agências vai partir de denúncias de usuários da rede social. Será possível indicar ao FB se uma notícia é considerada falsa. Isso fará com que a promoção do post seja reduzida de forma significativa no feed de notícias. Páginas que repetidamente compartilharem notícias falsas terão todo o seu alcance diminuído. Nos Estados Unidos, onde a ferramenta já é usada, houve uma redução de 80% no compartilhamento das chamadas fake news.
“Estamos comprometidos em combater a disseminação de notícias falsas no Facebook”, disse Cláudia Gurfinkel, líder de parcerias com veículos de mídia do Facebook para a América Latina. “Essa parceria com Aos Fatos e Agência Lupa é mais um passo em nossos esforços para combater a desinformação e melhorar a qualidade das notícias que as pessoas encontram no Facebook”.
O Facebook também enviará notificações para pessoas e administradores de páginas avisando que a veracidade do conteúdo foi questionada. As páginas que fizerem uso frequente de notícias consideradas falsas terão anúncios banidos.