Por Claudio Carsughi

Claudio Carsughi

Um dos fatos que mais me marcaram, ao longo de mais de sete décadas de trabalho jornalístico, foi a morte de Senna. O acaso quis que eu fosse o primeiro a dar a notícia, aqui no Brasil, durante a transmissão radiofônica comandada por Nilson Cesar diretamente de Imola.

Ao ver o corpo de Senna, encoberto por um lençol, sendo levado para a ambulância, logo me lembrei de uma lei italiana pela qual, ocorrendo uma morte, a competição esportiva deve ser imediatamente encerrada.

Então ficou claro, para mim, que aquele era um disfarce, idealizado por Bernie Ecclestone, para driblar a lei e fazer prosseguir o Grande Prêmio, já que seu cancelamento teria trazido graves problemas econômicos, ligados a patrocínios e publicidade.

A partir daí, liguei para meu editor no jornal La Stampa, do qual era correspondente, para ter notícias, e tive uma sorte grande, pois ele estava iniciando uma conversa telefônica com a médica que recebera o corpo de Senna no hospital. Ele me falou: “Claudio, ouve”. A médica estava falando de Senna e a expressão que me ficou gravada foi “encefalogrammo piatto”, isto é, em português, “encefalograma plano”.

Não era necessário ser formado em medicina para entender que Senna tinha morrido, embora algumas de suas funções vitais pudessem continuar existindo por mais um tempo. E assim intervim na transmissão, chamando Nilson Cesar, e afirmando, com total convicção: “Senna morreu”. Nilson não aceitou minha informação e continuou falando em auxílio de Deus, e outras coisas do tipo, para que Senna fosse salvo.

E eu fiquei com um furo jornalístico que jamais desejaria ter dado…

A morte de Senna

Torcer para a Juventus?

Em 1951, a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) organizou, com a ajuda do vice-presidente da Fifa, o italiano Ottorino Barassi, a Copa Rio, competição que reuniu muitos dos melhores clubes em atividade no mundo e que deveria servir − como de fato aconteceu − para levantar o entusiasmo do torcedor brasileiro, um tanto quanto abatido pelo desastroso desfecho da Copa do Mundo. Um desfecho, em minha opinião, devido à incipiência tática de Flavio Costa, pois o Brasil tinha na época um esquadrão com ases do calibre de Zizinho, Jair, Ademir, Danilo e tantos outros. E quando, aos dois minutos do segundo tempo, Friaça abriu o escore, o certo teria sido “fechar” o time, deixar o Uruguai atacar e usar inteligentemente o contragolpe para matar aquele segundo gol que selaria a sorte da partida.

Mas Flavio Costa, talvez embevecido pelas sonoras goleadas anteriores (7×1 sobre a Suécia e 6×1 sobre a Espanha), não fez nada disso, deixou o time aberto e o Uruguai, tendo em Schiaffino o cérebro e no veloz ponta Ghiggia a arma, virou o jogo.

Assim, a Copa Rio era a chance de o torcedor brasileiro de voltar a se apaixonar pelo futebol. E nessa Copa Rio, após as recusas de Milan e Inter, coube à Juventus, terceira colocada no recém-findo campeonato italiano, representar as cores italianas.

Como correspondente do jornal Tuttosport, de Torino, me encontrei então na posição de escrever matérias sobre a Juventus, claramente destacando os pontos positivos de sua trajetória. Como na sonora goleada (4×0) imposta ao Palmeiras em pleno Pacaembu. E isto, para um fervoroso torcedor da Fiorentina, era como pedir para um corinthiano torcer pelo Palmeiras!


Claudio Carsughi é jornalista, comentarista e crítico de Fórmula 1, de futebol e da indústria automobilística. Atua nesses segmentos há mais de 70 anos. (Colaboração especial – Cláudia Carsughi)

O Portal dos Jornalistas traz neste espaço histórias de colegas da imprensa esportiva em preparação ao Prêmio Os +Admirados da Imprensa Esportiva, que será realizado em parceria com 2 Toques e Live Sports, no segundo semestre.

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