O jornalista brasileiro freelancer Edrien Esteves relatou em depoimento publicado em 6/7 pelo jornal O Globo ter sido detido por 20 horas pelo Exército de Israel. Na madrugada de 3/7, a força invadiu o quarto em que o jornalista estava hospedado na cidade palestina de Jenin, da Cisjordânia. Além de detido, seus equipamentos de trabalho foram confiscados.

O profissional já cobriu diferentes conflitos armados internacionais, incluindo a reconquista de Mossul, no Iraque, a Grande Marcha do Retorno, em Gaza, a crise dos refugiados rohingya, em Bangladesh, e a guerra na Ucrânia. Viajou a Jenin em 19/6 para cobrir o aumento da tensão e da violência no local.

Na noite da detenção, contou que, de dentro de seu apartamento antes da invasão, ouviu uma explosão forte: “Quando olhei pela janela, vi blindados israelenses. Pelo fato de o prédio ser um centro cultural, haviam me dito que era o lugar mais seguro do campo e que o Exército não iria ali porque sabia que não encontraria armas. Imediatamente percebi que o Exército ia entrar no Teatro de Liberdade − o nome do lugar. Tomei medidas de segurança: acendi as luzes, escrevi em um papel sulfite “imprensa” e colei na geladeira, a primeira coisa que se vê quando se abre a porta”.

Após invadirem o local em que estava, os soldados pediram as credenciais e documentos de Edrien, assim como seu celular e a senha para ter acesso às imagens no aparelho.

O jornalista alegou que não foi agredido ou maltratado: “Eles disseram que entendiam que eu era inocente, mas queriam saber se eu já tinha visto alguém armado naquele prédio. Repeti várias vezes que não, que já tinha visto gente armada no campo, mas não no teatro”.

Após duas horas, outros soldados o levaram para o andar de cima, onde um deles tentou algemá-lo, mas desistiu.

“A interpretação deles era de que eu precisava ir com eles para garantir minha própria segurança, mas eu discordo. Quando começamos a sair do prédio, eles me expuseram a um risco desnecessário. Me escoltaram ao descer as escadas, mas havia combate, muito tiro, e me fizeram carregar minhas coisas, correr num lugar aberto. Chegamos a um veículo blindado para onde levavam palestinos com lacres nos pulsos. Na porta, percebi que disseram que era para eu voltar. Tive de passar pelo mesmo trajeto, correndo risco de novo. Ficamos no apartamento mais algumas horas”.

Edrien relatou ter sido levado para outra casa, onde os moradores eram cinco homens, três mulheres e uma criança de pouco mais de um ano. Foi liberado somente às nove da noite. O ocorrido o fez entrar em contato com o consulado do Brasil em Ramallah, onde marcou um encontro com o embaixador Alessandro Candeas pelo telefone. Após encontrá-lo em uma vila perto, o embaixador o levou volta para Jerusalém em um carro blindado.

Consultadas pelo jornal O Globo, as Forças de Defesa de Israel afirmaram que não registraram a detenção de um jornalista brasileiro durante a operação em Jenin.

 

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