Ao percorrer a América Latina cobrindo crime organizado, o jornalista britânico Ioan Grillo identificou paralelos no modo de operação das grandes organizações criminosas – sejam elas do Rio de Janeiro, do México ou da Jamaica. “Elas são complexas redes pós-modernas, que misturam gangues, máfias, esquadrões da morte, cultos religiosos e guerrilhas urbanas”, escreveu Grillo em seu novo livro, Gangster Warlords: Drug Dollars, Killing Fields and the New Politics of Latin America, lançado recentemente nos Estados Unidos. É o segundo livro dele – o primeiro, El Narco, aborda a ascensão dos cartéis mexicanos na década de 2000. Para tentar compreender melhor essas organizações “híbridas”, Grillo se infiltrou em quatro famílias do crime: Comando Vermelho no Brasil, Shower Posse na Jamaica, Mara Salvatrucha na América Central e o Knights Templar no México. Em encontro com estudantes da Universidade do Texas, em Austin, o jornalista contou que durante o processo de produção do livro sofreu ameaças e passou por situações difíceis: “O fato de mudar de lugar é obviamente uma vantagem. Muitas vezes os jornalistas que são alvos do crime organizado na America Latina […] é algo acumulativo. Eles ficam no radar de pessoas e viram alvos. Então, quando você está em uma situação ruim e sai, isso ajuda […] Eu sofri muitas ameaças durante esses anos. Uma delas foi quando escrevia o livro em Michoacán, quando um cara me acusou de ser um agente infiltrado e disse que se me visse novamente iria atirar em mim”. Via Knight Center