O jornalista Leandro Schmitz, que publicou em primeira mão matéria que denuncia trabalho análogo à escravidão em uma unidade pública da Prefeitura de Joinville, em 28 de fevereiro, foi demitido da Folha Metropolitana cinco minutos após a reportagem ir ao ar.
Na matéria, o jornalista escreveu sobre cerca de 13 trabalhadores que foram fotografados e filmados em 27/2 chegando em uma unidade de Bem-estar e Proteção Animal de Joinville. Eles almoçaram em locais reservados a cães e outros animais, com condições insalubres para pessoas fazerem refeições. A denúncia foi liderada pelo Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville. Os trabalhadores filmados prestam serviços para a terceirizada pela Prefeitura de Joinville, Celso Kudla Empreiteiro Eireli, responsável pela obra de reestruturação do local.
Leandro comentou a demissão: “Não gostaria de me manifestar muito, porque os fatos falam por si sós. Eu digo sempre para todo mundo que me procura que não quero prejudicar ninguém, apenas fazer o meu trabalho. Acatei uma denúncia do Sindicato (Sinsej), ouvi todos os envolvidos, fiz o que qualquer jornalista profissional faria. O veículo para o qual eu trabalhava emitiu uma nota dizendo que minha saída se deu por motivos financeiros e ajustes internos”. O jornalista, que é também servidor da Prefeitura de Joinville, diz que espera trabalhar de novo.
O caso teve grande repercussão negativa nas redes. A Folha Metropolitana declarou que a demissão já estava programada e que o veículo está “passando por reestruturações de equipe para atender à produção jornalística com a nova realidade financeira e editorial desde que o jornal parou de ser impresso”.
Em nota, o Sinsej solidarizou-se com Leandro, e escreveu que “a demissão claramente é fruto de pressão da Prefeitura de Joinville, que, como contratante, deveria fiscalizar os trabalhos de sua terceirizada na obra. É importante frisar que a matéria cumpre todos os preceitos básicos do jornalismo. O jornalista deu voz a todos os envolvidos e apresentou vídeos e fotos como provas do que havia apurado. A prefeitura, inclusive, foi uma das ouvidas e tem sua resposta citada no texto”.