(Santos, São Paulo, 17/01/1932 – São Paulo, SP, 19/05/2013).
Alberto Tamer nasceu em 17 de janeiro de 1932, em Santos (SP), filho de pai libanês. Faleceu em São Paulo/SP no dia 19 de maio de 2013, por de insuficiência cardíaca, após passar um período internado no Incor.
Entrou no jornalismo pela rádio Excelsior (SP) e pelo jornal O Tempo (SP), em 1952, cobrindo a área política. Quando O Tempo fechou, passou a trabalhar no Correio Paulistano (SP), onde chegou a titular da coluna política Janela Aberta. Foi para a Folha da Noite (SP), trabalhando ainda na mesma área. Em janeiro de 1958, em plena lua-de-mel, foi despedido do jornal apenas porque tinha sido o último repórter admitido pela editoria e a empresa sempre cortava os recém-contratados quando havia aumento de salário obtido por intermédio do sindicato. Desorientado, conseguiu uma vaga em O Estado de S.Paulo por dois meses, na área de Economia. Para garantir a permanência no emprego – ao lado de César Costa, Robert Appy e Frederico Heller –, dedicou-se com afinco a aprender tudo o que podia sobre o setor.
Desde então, nunca mais deixou de escrever para o jornal. Com Heller, aprendeu a fazê-lo sem usar palavras difíceis: “Uma vez ele implicou com uma palavra que usei, me mandou buscar o dicionário, viu que estava bem aplicada, mas quando eu já ia saindo, todo orgulhoso de ter dado ‘uma volta’ no chefe, perguntou com aquele sotaque carregado (Heller era austríaco): ‘Senhorrr Tamerrr! O senhorrr dirrria esta palavrrra à sua namorrrada?’ Perplexo, eu disse que não. E ele retrucou: ‘Enton, non use no texto!’ Nunca mais esqueci”, relembra ele.
Não deixou de escrever para o jornal nem mesmo nas duas vezes em que foi adido cultural de imprensa na embaixada brasileira em Londres, entre 1975 e 1977 e entre 1980 e 1983, convidado pelo então embaixador Roberto Campos (1917-2001). Para evitar problemas com o governo militar, passou a assinar com o pseudônimo de Altino Tavares. Pediu demissão quando soube da morte de Vladimir Herzog (1937-1975), mas, atendendo aos pedidos dos correspondentes brasileiros em Londres, permaneceu no cargo até o ano seguinte, quando da visita do ex-presidente Ernesto Geisel (1907-1996) à Inglaterra.
Foi, também, comentarista e apresentador nas rádios Jovem Pan (SP) e Eldorado (SP) e nas tevês SBT (SP), Manchete (RJ) e Bandeirantes (SP). Em 1994, mudou-se para Paris (França), de onde enviou matérias especiais para O Estado, sem deixar de escrever sua coluna. Com seu filho, Luís Sérgio Tamer, criou um site na web sobre mercado financeiro e imposto de renda que chegou a receber mais de 500 consultas diárias, mas acabou sendo desativado no final dos anos 90.
Foi convidado para participar da criação do primeiro curso de Jornalismo Econômico na Faculdade Cásper Líbero, na década de 60, mesmo não tendo diploma, nem de Jornalismo, nem de Economia. Deu palestras em faculdades durante muitos anos, muitas vezes com professores e alunos de Economia na plateia.
Publicou os seguintes livros: O mesmo Nordeste (Herder, 1968); Nordeste até quando? (Apec, 1968); Transamazônica, solução para 2001 (Apec, 1970); Nordeste, os mesmos caminhos – Reforma agrária, afinal (Apec, 1972); Petróleo, o preço da dependência (Nova Fronteira, 1980); Os caminhos do dinheiro (Ática, 1988), e Os novos caminhos do mercado financeiro (Saraiva, 1991).
Sua coluna já foi reproduzida em mais de 40 jornais pelo País, mas passou a ser exclusiva do Grupo Estado. Orgulha-se de ter incentivado a contratação de Dinaura Landini – a primeira mulher a trabalhar na redação de O Estado de S.Paulo –, sido o primeiro repórter do jornal a ir para a Amazônia e de ser reconhecido pela qualidade e simplicidade do seu texto.
Tamer morreu em um mês triste para o jornalismo brasileiro com as mortes do jornalista Ruy Mesquita Filho, diretor do Grupo Estado, aos 88 anos, em 21 de maio, e, Roberto Civita, presidente do conselho de administração do Grupo Abril, aos 76 anos, em 26 de maio de 2013.
Atualizado em maio/2013 – Portal dos Jornalistas
Fontes:
Jornalistas&Cia, edição592 (23 a 29/5/2007)