Elio Gaspari nasceu em Nápoles, na Itália, em 1944. Chegou ao Brasil ainda na infância, desembarcando no Rio de Janeiro. Foi expulso da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi/RJ), onde cursava História, por razões políticas e iniciativa do diretor Eremildo Luiz Vianna – não por coincidência, portador do mesmo nome de um personagem fictício que há anos frequenta os textos do colunista.
Iniciou a carreira jornalística no semanário Novos Rumos (RJ). Tornou-se, depois, auxiliar do colunista social Ibrahim Sued (1924-1995), em O Globo (RJ). Passou pelas redações da sucursal carioca do Diário de São Paulo (SP), ainda no tempo em que o título pertencia aos Diários Associados; do Jornal do Brasil (RJ), onde manteve uma coluna política de 1974 a 1979, e da revista Veja (SP), entre 1979 e 1985, onde foi diretor-adjunto e correspondente em Nova York. É comentarista da Folha de S.Paulo (SP) desde novembro de 1996 e seus artigos são difundidos para outros jornais, como O Globo, Correio do Povo (RS) e O Povo (CE).
Criou personagens para melhor ironizar as personalidades e situações que critica. Madame Natasha, por exemplo, é uma professora de português que concede bolsas de estudo para quem se expressa de modo empolado; Eremildo, o idiota, serve de ilustração daqueles que usam indevidamente o dinheiro público.
Em 1984, conseguiu uma bolsa de estudos com duração de três meses no Wilson Center for International Scholars e fez uma pesquisa sobre duas personalidades marcantes do período da ditadura militar brasileira: os generais Ernesto Geisel (1907-1996) e Golbery do Couto e Silva (1911-1987). Seus esforços resultaram em quatro livros-reportagem, divididos em duas partes, considerados fundamentais para o entendimento do que foi o golpe de 1964: As ilusões armadas: A ditadura envergonhada (2002), As ilusões armadas: A ditadura escancarada (2002), O Sacerdote e o Feiticeiro: A ditadura derrotada (2003) e O Sacerdote e o Feiticeiro: A ditadura encurralada (2004), publicados pela Companhia das Letras. Pelos dois primeiros, recebeu o Prêmio de Melhor Ensaio da Academia Brasileira de Letras, em 2003.
É coautor, também, de
Versões e Ficções: O sequestro da história, com
Daniel Aarão Reis Filho (Perseu Abramo, 1997), e
70/80 – Cultura em trânsito: Da repressão à abertura, com
Heloísa Buarque de Hollanda e
Zuenir Ventura (Aeroplano, 2000). Com
Lilia Mortiz Schwarcz, é organizador da coleção
Perfis Brasileiros da editora Companhia das Letras.
Em 2012, venceu o Prêmio Comunique-se, na categoria Colunista de Opinião/Articulista. Foi homenageado na nona edição do Congresso de Jornalismo Investigativo da Abraji em 2014 por sua contribuição ao jornalismo brasileiro. Na ocasião, também foi exibido um minidocumentário sobre sua vida e obra.
Em 2014 foi escolhido entre os '+ admirados jornalistas brasileiros – Top 10', em 3º lugar. Em 2015, ainda no 'Top 10' ficou da 5º com seus 7.695 pontos.
Realizada por Jornalistas&Cia em parceria com a Maxpress, a votação é feita dois turnos, abrange um colégio eleitoral integrado por 48 mil profissionais, sendo cerca de 3 mil da área de comunicação corporativa e 45 mil jornalistas de redações. Nesta segunda edição da premiação foram recebidas cerca de 8 mil indicações, abrangendo quase 3 mil nomes de jornalistas. Passaram para a final 347 jornalistas da etapa Nacional.
O livro que encerra a série de Elio Gaspari chegou no início de junho de 2016. Foi lançado pela editora Intrínseca. É o quinto volume da Coleção Ditadura, do jornalista Elio Gaspari sob o título A ditadura acabada – últimos suspiros do regime militar parte de uma séria que já editou quatro volumes sobre o regime militar no Brasil e que com este título chega à conclusão.
Nesta, o autor examina detalhes do período de 1978 a 1985 – final do governo do presidente Ernesto Geisel e a posse de seu sucessor, o general João Baptista Figueiredo, até a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral. Anos decisivos da abertura política: fim do AI-5, manifestações políticas pela anistia e pela volta das eleições diretas para a presidência, os atentados como o episódio da bomba no Riocentro em 1981, e uma crise econômica sem precedentes.
No epílogo, denominado “500 vidas”, o autor acompanha o destino de quinhentos personagens que sobreviveram ao fim da ditadura, entre militares e militantes, empresários e sindicalistas, torturados e torturadores. Alguns desses sobreviventes chegaram à presidência da República, como a presa política Dilma Rousseff, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva e o professor Fernando Henrique Cardoso. É uma conclusão impactante para uma obra fundamental sobre a história recente do Brasil.
A Coleção Ditadura, com seus cinco volumes, poderá ser encontrada também em um luxuoso box em versão impressa e digital.
Atualizado em junho/2016 – Portal dos Jornalistas
Fontes:
Arquivo Jornalistas & Cia.