Evandro Teixeira nasceu na cidade baiana de Santa Inês (ou em Irajuba, segundo outras versões), em 1935.
Iniciou a trajetória no jornalismo em 1958 no jornal O Diário de Notícias, em Salvador (BA). Logo depois transferiu-se para o Diário da Noite – do grupo dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand (1892–1968) –, no Rio de Janeiro, onde se radicou e mora até hoje.
Em 1963 ingressou no Jornal do Brasil, onde trabalhou durante 47 anos. Deixou o jornal em 2010, quando a publicação interrompeu a circulação impressa para se concentrar apenas na edição online.
Destacou-se em diversas editorias, desde os temas políticos até a fotografia de esporte. Entre os momentos marcantes de sua carreira destacam-se a cobertura da chegada do marechal Castello Branco (1900-1967) ao Forte de Copacabana durante o golpe militar de 1964, a repressão ao movimento estudantil no Rio de Janeiro, em 1968, e a queda do governo Salvador Allende, no Chile, em 1973; assim como a cobertura de diversos Jogos Olímpicos e Copas do Mundo de Futebol.
Com o tempo, seu trabalho ganhou as estantes das livrarias. Publicou os livros: Fotojornalismo (JB, 1983); Canudos 100 Anos (Textual, 1997); Livro das Águas (Governo do Estado do Rio Grande do Norte, 2001), com texto de Nei Leandro de Castro; Vou Viver: Tributo ao Poeta Pablo Neruda (Textual, 2005); 68 Destinos: Passeata dos 100 Mil (7 Letras, 2008), editado por sua filha Carina Almeida; Vidas Secas: 70 Anos (Record, 2008), ilustrando uma nova edição do romance de Graciliano Ramos (1892–1953); O Torcedor (7Letras, 2008), com Alaor Filho, Egberto Nogueira, Kitty Paranaguá, Mirian Fichtner, Rogério Reis e Walter Firmo, com textos de Carola Saavedra e Luís Fernando Verissimo; Paixão do Brasil (Leya, 2009), ilustrando texto de Fernando Bueno; Caminhos de Transformação (Visão Mundial, 2010) e Retratos do Tempo: 50 anos de Fotojornalismo (Edições de Janeiro, 2015).
Participou com fotos ou com depoimentos dos livros: O Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg (1999); Brasil, 500 Anos (2000); Olimpíadas da Terceira Idade (2001); Fotografia: Da analógica à digital (SenacSP, 2010), de Nelson Martins; Gente do Rio: Eles iluminaram a História (Midia in, 2014), e O Problema É Ter Medo: O que o medo da Ditadura tem a dizer à Democracia (Revan, 2016), organizado por Ana Helena Tavares, além do documentário Abaixando a Máquina 2: No limite da linha<lt;/em>, de Guillermo Planet (Canal Brasil, 2016). Sobre sua vida e obra, Silvana Costa Moreira escreveu Evandro Teixeira: Um certo olhar (7 Letras, 2014) e Paulo Fontenelle dirigiu o documentário Evando Teixeira: Instantâneos da realidade (Canal Imaginário, 2004).
As fotos de Evandro integram acervos de museus como os Kunsthaus Zurich (Suíça), Museo de Arte Moderno La Tertulia (Colômbia), Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp-SP), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e Museu de Arte do Rio (MAR-RJ). Um de seus livros, Fotojornalismo, integra o acervo da biblioteca do Centro de Artes George Pompidou, em Paris (França). Em setembro de 2013 participou da mostra Brazilian Photojournalists: from Bossa Nova to Global Power no salão principal da sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York (EUA). Fizeram parte do projeto, além dele e de Juvenal Pereira, coordenador da exposição, outros 18 repórteres fotográficos. Depois de NY, todos expuseram seus trabalhos e fizeram palestras em outras quatro cidades americanas: Washington, Los Angeles, Seattle e Miami.
Em 1994, teve o seu currículo inserido na Enciclopédia Suíça de Fotografia, que reúne os maiores fotógrafos do mundo. Entre os prêmios recebidos, estão o Especial da Unesco, em 1993, dois da Nikon, em 1975 e 1991, e o da Sociedade Interamericana de Imprensa, pela foto A Queda da Moto. O mais recente é o Prêmio Brasil Fotografia 2016, na categoria Especial, um a homenagem do júri da premiação.
Atualizado em outubro de 2016
Fontes:
Diante das Fotos de Evandro Teixeira
A pessoa, o lugar, o objeto
estão espostos e escondidos
ao mesmo tempo sob a luz,
e dois olhos não são bastantes
para captar o que se oculta
no rápido florir de um gesto.
É preciso que a lente mágica
enriqueça a visão humana
e do real de cada coisa
um mais seco real extraia
para que penetremos fundo
no puro enigma das figuras.
Fotografia – é o codinome
da mais aguda percepção
que a nós mesmos nos vai mostrando
e da evanescência de tudo,
edifica uma penanência,
cristal do tempo no papel.
Das luas de rua no Rio
em 68, que nos resta
mais positivo, mais queimante
do que as fotos acusadoras,
tão vivas hoje como então,
a lembrar como a exorcizar?
Marcas de enchente e do despejo,
o cadáver inseputável,
o colchão atirado ao vento,
a lodosa, podre favela,
o mendigo de Nova York
a moça em flor no Jóquei Clube,
Garrincha e Nureyev, dança
de dois destinos, mães-de-santo
na praia-templo de Ipanema,
a dama estranha de Ouro Preto,
a dor da América Latina,
mitos não são, pois são fotos. Fotografia: arma de amor,
de justiça e conhecimento,
pelas sete partes do mundo
a viajar, a surpreender
a tormentosa vida do homem
e a esperança a brotar das cinzas.
Carlos Drummond de Andrade
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