José Hamilton Ribeiro

    José Hamilton Ribeiro nasceu em 1° de agosto de 1935, em Santa Rosa do Viterbo (SP). Teve as primeiras experiências com o jornalismo no grêmio estudantil, quando dirigiu o jornal da escola. Mudou-se para a capital do Estado e realizou o sonho de garoto: entrou em 1955 para o curso de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero (SP), que não completou – comandou uma greve de estudantes e foi proibido de continuar a graduação, junto com os colegas Paulo Patarra (1934-2008), Judith Patarra e José Carlos Del Fiol. Vários anos depois, voltou à instituição como professor (também deu aulas na Fundação Armando Álvares Penteado – Faap/SP – e foi membro da Comissão de Avaliação de Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP). Estudou Direito em Uberaba (MG), formando-se em 1964.
    Começou no jornalismo em 1955, trabalhando como redator na rádio Bandeirantes (SP), da meia-noite às seis da manhã, convivendo com ícones da música caipira, que valorizaria em livros e reportagens muitos anos depois, como Ted Vieira, João Pacífico, Capitão Furtado e as duplas Cascatinha e Inhana e Tonico e Tinoco. Logo passou a atuar na imprensa escrita, no extinto jornal O Tempo, ainda em 1955, e, em seguida, na Folha de S.Paulo (que deixava de ser Folha da Manhã), em junho de 1956. Cobriu a primeira missa realizada em Brasília, em 1957, três anos antes da inauguração da capital.
    Foi para a Editora Abril, em 1962, para ocupar o posto de redator-chefe da revista Quatro Rodas, onde seu trabalho ganhou visibilidade e notoriedade. Nesse período ganhou dois Prêmios Esso, um em equipe (em 1963, com a matéria especial Radiografia do Rio, que continha a reportagem Subindo o morro, com Pandeirinho, Cartola, Sargento…) e outro na categoria Regional/Grupo A (em 1964, com o especial São Paulo de corpo inteiro, ao lado de Mino Carta, Vitor Antônio Gouveia, Paulo Patarra e José Roberto Pena; sua reportagem se intitulava A noite tem mil bandeiras).
    Em 1966, passou a editor-chefe da revista Realidade, publicação de características inovadoras, que privilegiava as grandes reportagens. Atuou, em março de 1968, como enviado especial ao Vietnã, onde viveu o drama pelo qual nenhum correspondente de guerra quer passar: virou notícia, ao perder a parte inferior da perna esquerda na explosão de uma mina terrestre, perto de Quang Tri.
    O incidente não tirou o fôlego do repórter, pois voltou a trabalhar tão logo saiu da cama, cobrindo, por exemplo, o escândalo que envolveu o assassinato do candidato presidencial Robert Kennedy (1925-1968), nos Estados Unidos. A experiência no Sudeste Asiático rendeu – além da reportagem Nosso repórter viu a guerra de perto. Ferido no Vietnã, publicada na revista – o livro O gosto da guerra (Brasiliense, 1969), relançado em 2005, pela Objetiva, com uma segunda parte inédita quando completou 50 anos de carreira, na qual narra a visita, 30 anos depois, ao mesmo local onde foi ferido anteriormente.
    No período em que trabalhou na Realidade, venceu mais quatro Prêmios Esso, três deles individuais, todos na categoria Informação Científica: em 1967, com a reportagem Uma vida por um rim; em 1968, com De que morre o Brasil; e em 1973, com Seu corpo pode ser um bom presente. Em 1972, fez parte da equipe que venceu na categoria Melhor Contribuição à Imprensa, com a edição especial sobre a Amazônia, que abrigava sua reportagem O assassinato da terra. Nas três últimas premiações, a revista estava sob censura prévia da ditadura.
    Em 1974, foi ser repórter da revista Veja, ainda na Editora Abril, e colaborador do jornal EX. Cansado de enfrentar a censura, nos anos seguintes, trabalhou no interior de São Paulo, ajudando a modernizar redações com os avanços da informática. Foi diretor de O Diário, de Ribeirão Preto, em 1975, e dirigiu o Dia e Noite, de São José do Rio Preto, em 1977, onde ganhou mais um Prêmio Esso, na categoria Regional/Sudeste, com a matéria Na boca da milésima extracorpórea.
    Voltou a São Paulo em 1978, quando assumiu o cargo de editor-chefe de Jornalismo da extinta TV Tupi, além do de diretor-geral do programa Pinga Fogo. Paralelamente, dirigia a redação do Jornal de Hoje, de Campinas. Passou definitivamente para a frente das telas em 1981, como repórter especial do Globo Repórter, da Rede Globo de Televisão. No mesmo ano, começou a produzir reportagens para o programa e para a revista Globo Rural, da qual se tornou, posteriormente, repórter especial.
    Publicou mais livros: Deixem-me ser eu (São Paulo, 1968); Pantanal, amor bágua (Brasiliense, 1974), considerado o Melhor Livro Juvenil pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 1978; Kadiuéu – A vingança do índio cavaleiro (Brasiliense, 1979); Gota de sol – A viagem da laranja, desde sua descoberta nos jardins da China aos navios sucoleiros de hoje (Globo, 1985), com fotos de Amilton Vieira; Senhor Jequitibá – O dia em que Seu Rosa falou (Quinteto Editorial, 1987); Os três segredos que fizeram o político mais votado do Brasil (Nossa Editora, 1987); O desafio de Campinas (JJN Editorial, 1988), Jornalistas 1937 a 1997 – História da imprensa de São Paulo vista pelos que batalham laudas (terminais), câmeras e microfones (Imprensa Oficial, 1998); Manual da música caipira – As 270 maiores modas de todos os tempos (Globo, 2006); O repórter do século (Geração Editorial, 2006); Os tropeiros – Diário da marcha (Globo, 2006), e A greve das graças do Pantanal, ainda não publicado.
    Escreveu, ainda, O cavalo árabe no Brasil (ABCCA, 1979), com Antônio Carlos Rodrigues, e Realidade re-vista (Realejo, 2010), em coautoria com José Carlos Marão, em que aborda o jornalismo revolucionário praticado pela equipe da revista Realidade entre 1966 e 1976. Os dois fizeram parte da equipe de Redação da revista. Em 2012, Zé Hamilton falou do livro em entrevista ao Programa do Jô.
    Organizou o livro Que é isso, computador? (SJPESP, 1982) e participou da antologia Rio em tempo de amor, organizada por Paulo Dantas (Francisco Alves, 1964), de O livro das grandes reportagens (Globo, 2004), ao lado de William Waack, Joel Silveira (1918-2007), Luiz Carlos Azenha, Edney Silvestre, Fernando Molica, André Luiz Azevedo e Geneton Moraes Neto, e de A vaga é sua (Publifolha, 2010), organizado por Ana Estela de Sousa Pinto e Cristina Moreno de Castro.
    Foi presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico e ocupou vários cargos no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. Em 1991, vice-presidente da entidade, na gestão Antonio Carlos Fon, foi encarregado de dar nova vida ao jornal da entidade, o Unidade. Entre outras mudanças, sugeriu a criação de uma coluna em que os jornalistas aparecessem, não importando o motivo: se tinha casado, mudado de casa ou de trabalho etc. Batizada de Moagem – palavra que no Mato Grosso do Sul serve para qualificar as novidades, as fofocas, os comentários sobre a vida alheia que as pessoas fazem nas rodinhas da porta de igreja depois do casamento, do lado de fora dos velórios, sentadas na beira do rio durante a pescaria –, a coluna foi entregue a Eduardo Cesário Ribeiro e rapidamente passou a ser a mais lida do jornal. Por conta disso, foi crescendo, ganhou uma página, duas, três, até que não coube mais só no Unidade; virou fax semanal, o FaxMOAGEM, que em 1995 passou a se chamar Jornalistas&Cia.
    Além dos Esso, recebeu os prêmios Maria Moors Cabot 2006 – da Universidade de Columbia (EUA) –, Personalidade da Comunicação 1999, José Reis de Divulgação Científica 1999, Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos 1983 (duas vezes), 1984 e 1987, Troféu Especial de Imprensa ONU: 60 Anos de Declaração 2008, Líbero Badaró 1997, Cláudio Abramo de Jornalismo, Telesp de Ciência, Embratur, Bicentenário da Imprensa no Brasil, Confederação Nacional de Agricultura 1995, Massey Fergusson 2007 e Caixa de Jornalismo Social 2005, este com Francisco Maffezoli Júnior, Ivo Coelho, Jorge dos Santos, Olympio Giuzio, Orlando Daniel e Adalto Vieira.
    Foi condecorado com as medalhas Marechal Rondon, da Sociedade Geográfica Brasileira, e do Mérito do Trabalho, no grau de Oficial, do Ministério do Trabalho. Foi escolhido, em 2008, para receber o Prêmio Brasileiro Imortal e ter batizada com seu nome uma espécie de antúrio-mirim da flora brasileira, descoberta na reserva natural da mineradora Vale, localizada em Linhares (ES). A planta passou a ser denominada Anthurium hamiltonii nadruz. É Cidadão Sul-mato-grossense desde 1996 e Cidadão Mato-grossense desde 2003.
    Em 2010, recebeu o título de Cidadão Paulistano e deu seu nome ao Prêmio Master de Jornalismo Profissional José Hamilton Ribeiro, criado pela Secretaria do Interior e Litoral do Estado de São Paulo e pela Diretoria Regional em São José do Rio Preto do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
    É pai da escritora e jornalista Teté Ribeiro, casada com o também escritor e jornalista Sérgio Dávila.

    Em dezembro de 2014, ao lado de Miriam Leitão, liderou o ranking dos Jornalistas mais premiados de todos os tempos, elaborado pelo Jornalista&Cia. Zé Hamilton foi líder em duas das três edições anteriores.

    Em setembro de 2015, foi o homenageado da segunda edição da série Repórter, promovida pelo Itaú Cultural, idealizada por Eliane Brum. A edição celebrou os seus 60 anos de reportagem.

    Ainda nas celebrações dos 60 anos de profissão, recebeu a homenagem do jornalista Arnon Gomes, editor-executivo do jornal Folha da Região, de Araçatuba (SP), que lançou em 2015 a biografia de José Hamilton Ribeiro – O jornalista mais premiado do Brasil’.

    Foi eleito em 2015 entre os ‘TOP 50’ dos +Admirados Jornalistas Brasileiros.  A votação é realizada por Jornalistas&Cia em parceria com a Maxpress.

     

     

    Atualizado em dezembro/2015 – Portal dos Jornalistas

    Fontes:

    Jornalistas&Cia – Edição 1028

    https://www.portaldosjornalistas.com.br/noticia/em-os-cem-mais-admirados-jornalistas-brasileiros%C2%A0-top-50-em

    https://www.portaldosjornalistas.com.br/noticia/jose-hamilton-ribeiro-miriam-leitao-empatam-na-lideranca-todos-os-tem

    https://www.portaldosjornalistas.com.br/noticia/jose-hamilton-ribeiro-sera-homenageado-da-segunda-edicao-em-reporter-