Marcos Moreira Clementino contou ao Jornalistas&Cia como chegou no jornalismo e se diz um privilegiado, por ser de origem humilde e, com muito esforço e aproveitando as oportunidades, ter conseguido conhecer vários países: “Sinto-me um profissional privilegiado. Um sujeito que saiu da periferia de São Paulo – filho de um marceneiro com uma babá, ambos que vieram das roças pobres do Brasil – para viajar o mundo e conhecer 32 países, aos 32 anos”.
Durante a trajetória no jornalismo de televisão Marcos trabalhou para a emissora pública mantida pela Fundação Padre Anchieta, como repórter. Foi nessa fase que viveu a primeira situação de risco: ficou no meio de tiroteio na porta do Corinthians, em São Paulo, em junho de 2014.
A cobertura era na área de Esporte. Marcos falaria no Jornal da Cultura 1ª Edição sobre o time. Quando se preparava para entrar ao vido a equipe da TV Cultura foi surpreendida com um tiroteio em frente ao CT Joaquim Grava, o centro de treinamento do Corinthians. Um homem tentou assaltar um carro e trocou tiros com um policial à paisana. Tudo aconteceu três minutos antes dele entrar ao vivo. Ele entrou no ar com o suposto bandido agonizando ao fundo.
Marcos tentou antes pedir ajuda: “Bati muito na porta do Corinthians, gritei que era da imprensa, o ladrão estava correndo na nossa direção, mas o segurança disse que não poderia abrir”, disse.
“Na hora nem percebi como estava o enquadramento, depois vi que o cara estava do meu lado. Eu estava muito nervoso e o cinegrafista também. Conversei com ele, ele pediu ajuda. Eu o vi tomar três tiros, um no peito e dois no braço direito. Como ele estava mancando, pode ter tomado outro na perna. Fiquei surpreso pela minha frieza de pedir informação para o cara agonizando”, conta o jornalista.
Dessa primeira passagem pela TV Cultura Marcos Clementino passou a correspondente internacional da Rede TV. Começou na emissora em junho de 2015. Para a emissora cobriu na África do Sul, Austrália, França e Israel.
O principal episódio das coberturas aconteceu em Paris durante a cobertura dos atentados de Paris, quando foi o primeiro jornalista brasileiro a entrar em link diretamente da porta do Stade de France, onde aconteceu o primeiro ataque suicida na noite de 13 de novembro de 2015. Calmo e sereno, entrevistou várias pessoas que estavam horrorizadas com o fato, o que lhe deu os maiores elogios nas redes sociais.
Vale lembrar que enquanto a RedeTV! contava com Marcos no epicentro dos acontecimentos naquele momento, os correspondentes das outras emissoras estavam na Itália, Inglaterra distantes do palco dos atentados.
Pouco tempo depois Marcos se desligou da emissora. Saiu em novembro de 2015. Desde então, o jornalista voltou ao Brasil e ficou afastado da imprensa para tratar de uma lesão no pé esquerdo. Passado o período de restabelecimento foi contratado pela TV Cultura de São Paulo.
Sobre a fase como correspondente Marcos, explicou que “como ganhava em reais, o dinheiro que lhe era pago não era o suficiente para se manter quando convertido em moeda local”.
Em junho de 2016 Marcos estava de volta ao Brasil e à TV Cultura como repórter, cobrindo principalmente assuntos voltados ao cotidiano da capital paulista e região metropolitana. Para ele o novo desafio representa ir da cobertura dos ataques em Paris aos “atentados” que ocorrem no dia a dia na região.
Após temporada como correspondente da RedeTV em Paris, e posterior saída da emissora, Marcos Clementino falou da nova fase no Brasil. Sobre seu período como correspondente, ele contou ao Portal dos Jornalistas: “Sem dúvida foi uma experiência única. A sorte de acompanhar a história da humanidade e seus personagens de perto; situações que em breve estarão nos livros, nas prateleiras das bibliotecas – acervos digitais – para o meu filho estudar em sala de aula e que eu testemunhei ao vivo e em cores”.
Como desafio na nova empreitada – repórter local em São Paulo –, o jornalista aponta a busca por uma sociedade mais justa e menos violenta: “O meu maior desafio agora, como jornalista e cidadão, é lutar para que haja menos injustiça e violência dentro da sociedade brasileira; cobrar das autoridades públicas o seu papel de Estado e os direitos da população adquiridos na Constituição. Mostrar através das reportagens que é possível reverter o cenário atual do nosso país, com o desafio de manter a chama da esperança acesa no coração de cada brasileiro que deseja vencer na vida”.
Mas por que falar de “atentados” ao trabalhar com noticiário focado em São Paulo? A cidade pode ser tão arriscada para a prática do jornalismo quanto um local europeu que se torna alvo de ações organizadas por grupos terroristas.
Atualizado em junho/2016 – Portal dos Jornalistas
Fontes:
http://www.aesp.org.br/noticias_view_det.php?idNoticia=18081
http://tvcultura.com.br/programas/#/jornalismo
http://paris.itamaraty.gov.br/fr/journalistes_bresiliens_en_france.xml
https://www.portaldosjornalistas.com.br/noticia/marcos-clementino-volta-ao-brasil-tv-cultura-br