Marcos Uchôa Cavalcanti nasceu em 1º de julho de 1958, no Rio de Janeiro (RJ). Filho do sociólogo Pedro Celso Uchoa Cavalcanti Neto, exilado durante o regime militar, e de Norma Uchoa Cavalcanti, quando garoto viajava para encontrar o pai em diversos países: Itália, França, Polônia, Portugal e Estados Unidos. Aprendeu inglês, francês, italiano e russo – a experiência internacional e o conhecimento de línguas seriam fatores decisivos em sua carreira.
Cursou um ano de Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ) e dois de Medicina na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj/RJ). Formou-se em Jornalismo, na Faculdade Hélio Alonso (Facha/RJ), em 1984. Antes de começar a carreira jornalística, trabalhou no serviço de quarto do Sheraton Rio, na alfândega do Aeroporto Internacional do Galeão e na Air France.
Começou em 1983 na TV Manchete, então recém-fundada no Rio de Janeiro, sem deixar o emprego de aeroportuário. Foi estagiário e depois repórter contratado da editoria de Esportes. Mesmo com pouquíssimo tempo de casa e de formado, foi enviado para a cobertura dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984. Viajou também para a Copa do Mundo de Futebol do México 1986, escalado para cobrir a seleção da França – que acabaria eliminando o Brasil nas quartas-de-final. Deixou a Manchete no final daquele ano.
Em janeiro de 1987, quando cogitava largar o Jornalismo e trabalhar apenas na companhia aérea, foi chamado para cobrir férias de uma colega na TV Globo, também na editoria de Esportes. Foi contratado logo em seguida, para substituir o então repórter Luiz Fernando Lima, promovido a chefe de Redação. A partir de então, produziu matérias tanto para o Globo Esporte quanto para o Esporte Espetacular. Nessa época, conviveu com Tino Marcos, Raul Quadros, Paulo Lima, Denise Lilenbaum e Telmo Zanini, além dos cinegrafistas Cleber Schettini, Márcio Torres, Álvaro Sant’Anna e Daniel Andrade.
Em 1988, integrou a equipe enviada para cobrir os Jogos Olímpicos de Seul. Também participou das coberturas dos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992, de Atlanta 1996, e de Sydney 2000. Voltou a participar da cobertura de uma Copa do Mundo, em 1990, desta vez a partir do Brasil. Naquele ano, também atuou em reportagens de Política Nacional, como as eleições para governador do Acre.
Em 1993, chegou a receber um convite para trabalhar no Fantástico, mas não foi liberado pela editoria de Esportes. No ano seguinte, foi enviado para cobrir a Copa do Mundo dos Estados Unidos, com a responsabilidade de ficar no país depois da competição como correspondente da Globo em Nova York. No entanto, a emissora cancelou o projeto por questões financeiras e ele voltou para o Brasil.
Teve sua primeira experiência como correspondente internacional em janeiro de 1996, quando substituiu Roberto Cabrini no escritório da TV Globo em Londres. Passou a cobrir todos os eventos esportivos que aconteciam na Europa, África, Ásia e mesmo nos EUA, principalmente as corridas de Fórmula-1. Acompanhou, ainda, a Copa do Mundo de Futebol da França 1998. No mesmo ano, pediu demissão da Globo para dar atenção à família. Ficou um ano e meio sem trabalhar, morando em Londres com a mulher e os três filhos.
Voltou para a Globo em janeiro de 2000, mais uma vez como correspondente em Londres, ao lado dos repórteres Ernesto Paglia, Sandra Annenberg e Marcos Losekann. Nessa nova fase, deixou de acompanhar a Fórmula-1 e passou a cobrir outros assuntos além de Esportes. Na Globo News, apresentou o programa Sem Fronteiras, que abordava temas internacionais, junto com Jorge Pontual, William Waack e Sônia Bridi. Também participou do telejornal Bom Dia Brasil, chegando inclusive a assinar uma coluna semanal. Como repórter especial, faz matérias no Brasil e exterior para o Jornal Nacional e para outros telejornais da TV Globo.
A partir de 2001, pode se especializar na produção de séries especiais. Viajou para a Rússia para mostrar como estava o país dez anos depois do fim do comunismo. Esteve em Nova York logo após o atentado às Torres Gêmeas. Passou por vários países do Oriente Médio, mostrando o outro lado do que, então se previa, seria o início de novos conflitos internacionais na região.
Foi pioneiro na utilização da Internet e do kit correspondente para transmitir informações para a tevê. Cobriu, junto com o cinegrafista Sergio Gilz, a guerra que se desenrolava no Iraque com um laptop, uma câmera, um telefone por satélite e uma antena. Entrava ao vivo nos telejornais Bom Dia Brasil, Jornal Hoje e Jornal Nacional.
Foi o responsável por acompanhar as viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De 2003 a 2008, cobriu o Fórum Econômico de Davos, na Suíça. Esteve na Tailândia, Sri Lanka e Indonésia para mostrar a região devastada pelo tsunami, novamente com Sergio Gilz. Os dois acabaram até virando notícia: foram entrevistados ao vivo no Jornal Nacional para falar dos bastidores da reportagem. Ambos também receberam o reconhecimento da emissora, que lhes concedeu um prêmio para a que foi considerada uma das melhores produções de 2004.
Também cobriu a eleição de Mahmoud Ahmadinejad, no Irã, os preparativos da primeira viagem espacial do astronauta brasileiro Marcos Pontes e uma série de reportagens sobre as áreas tribais na fronteira com o Afeganistão. Ficou no escritório de Londres da Rede Globo até 2007.
De volta ao Rio de Janeiro, produziu matérias para o projeto Carnaval no Céu, para o Bom Dia Brasil, que reuniu quase uma centena de profissionais da emissora e muitos das principais personalidades da festa brasileira. Fez uma série sobre pessoas desaparecidas, participou da cobertura das enchentes de 2010 e da ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão pelas forças da segurança pública carioca. Trabalhou durante três anos para o noticiário local – mesmo assim, foi destacado para cobrir o terremoto no Chile, em fevereiro de 2010.
No início de 2011, voltou para a Europa, assumindo o posto de correspondente em Paris da TV Globo. Retomando a rotina de viagens, participou da cobertura do casamento do príncipe William com Kate Middleton e da radicalização dos protestos dos jovens suburbanos, em Londres. Esteve no Japão após o terremoto e o tsunami. Cobriu a guerra civil na Líbia. Voltou ao Afeganistão, para mostrar como estava o país dez anos depois dos atentados a Nova York.
Curiosamente, em meados dos anos 2000, foi confundido com Marco Uchôa, outro repórter da mesma emissora, que veio a falecer no dia 23 de novembro de 2005. Ao vivo, em reportagens, a confusão ficou esclarecida. Durante cobertura da guerra na Líbia, em 2011, sua calvície foi confundida por William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, com um capacete. Depois de elogiar a atitude do colega, Bonner foi advertido por Fátima Bernardes de que não havia nenhum capacete sobre a cabeça de Uchôa, Bonner corrigiu então a informação e deu um constrangido e bem humorado puxão de orelhas ao vivo no correspondente.
Atualizado em setembro de 2012
Fontes: