Pelo menos cinco profissionais de imprensa foram atacados enquanto cobriam a saída da seleção brasileira de um hotel no Recife. O caso, que aconteceu em 9/9, foi denunciado nesta segunda-feira (13/9) pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).
Segundo a entidade, torcedores que também aguardavam os atletas lançaram pedras, plantas e água e proferiram xingamentos contra equipes de reportagem que, segundo eles, obstruíam a visão que teriam dos jogadores.
Por volta das 16h30, a equipe de reportagem do Globo Esporte do Recife chegou ao local para fazer a cobertura. Em entrevista à Abraji, a produtora Sarah Porto afirmou que as hostilidades começaram quando a entrada do hotel em que a seleção se hospedou se encontrava relativamente vazia. Segundo a jornalista, mais de uma vez, sua equipe teve que fazer entradas ao vivo em meio a gritos como “Globo lixo”.
A partir das 19h, a situação se agravou, e torcedores começaram a gritar “sai da frente, puta”, antes de darem início aos arremessos. Além do cinegrafista e da produtora do Globo Esporte, foram alvo dos arremessos um cinegrafista da TV Jornal, afiliada do SBT no Estado, e uma equipe do jornal Folha de Pernambuco, formada por um fotógrafo e pelo repórter esportivo William Tavares.
O repórter da Folha de Pernambuco contou que as equipes dividiam um espaço apertado reservado para a imprensa e que precisaram se posicionar em frente à torcida para registrar a saída dos jogadores. Foi quando passaram a ser atingidos por pedras, plantas e água.
Um segurança do hotel já estava segurando a grade de proteção devido ao tumulto e à aglomeração. Os ataques cessaram somente quando uma das vítimas acionou policiais que deixaram uma área mais próxima ao hotel para controlar a situação, formando uma espécie de barreira.
“As pessoas não conseguem entender que estamos exercendo a nossa profissão”, lamentou Sarah Porto após os comentários misóginos que recebeu. Em seu perfil no Twitter, a jornalista relatou o caso:
A pessoa não gostar da Globo, tudo bem. Não gostar de mim, tudo bem. Me xingar e xingar à Globo diz mais da educação de quem fala do que da minha. Mas JOGAR PEDRA enquanto eu estou APENAS fazendo o meu trabalho, isso é inadmissível.
— Sarah Porto (@sarahpferreira) September 9, 2021
Vale lembrar que a Abraji registrou 242 casos de ataques a jornalistas no país entre janeiro e agosto deste ano, um aumento de 23,5% em relação ao mesmo período do ano passado.