Após mais de 20 anos de casa, o comentarista e âncora do Linha de Passe José Trajano foi demitido da ESPN em 30 de setembro. Nos bastidores, o que se diz é que a direção da emissora não gostou das manifestações públicas sobre as convicções políticas dele. Trajano chegou, inclusive, a discursar em um caminhão no Largo da Batata, em São Paulo, e convocar a população para atos contra o atual Governo Federal. A gota d’água para a saída teria sido a participação dele em um ato de apoio ao prefeito petista de São Paulo Fernando Haddad, candidato à reeleição, na Casa de Portugal, no qual chegou a ser fotografado ao lado do ex-presidente Lula. Na versão oficial, no entanto, o canal alega contenção de custos. “Eles dizem que não foi retaliação política, mas não é possível que não tenha sido isso também. Falaram em contenção de despesas”, disse Trajano ao DCM. “Antes da Olimpíada, me deram um papel para assinar, segundo o qual os ‘talents’ da ESPN não devem se envolver em questões políticas etc.. Diretrizes da matriz nos EUA. […] Não assinei o documento. Nem sei mais onde está”. Trajano confirmou ainda que a emissora – e sua matriz norte-americana – não gostava do que ele fazia e dizia abertamente sobre seu posicionamento político, e que a soma de ações em desacordo com a cartilha da empresa culminou em sua demissão: “Fica claro que eles não gostavam do que eu fazia. Incomodava, inclusive, a direção nos Estados Unidos. Soube disso internamente. Mandaram um vídeo meu para lá. […] A direção tomou como uma coisa desagradável. Minha saída foi a soma disso tudo. Eu era monitorado. Numa dessas reuniões com o German [Hartenstein, diretor geral da ESPN no Brasil], ele comentou o discurso que fiz no caminhão durante um protesto no Largo da Batata”. Em seu blog, Juca Kfouri homenageou o amigo – com quem trabalhou em Placar, no Cartão Verde e, há mais de dez anos, na ESPN: “Tão explosivo como leal, tão perfeccionista como generoso, tão verdadeiro como sensível. Do tipo que chora à toa. Não me cabe discutir para fora o motivo de empresa para qual trabalho. Cabe-me dizer a todos que o admiram, como eu, que o Zé está vivíssimo e que não lhe faltam nem projetos nem ganas para realizá-los”. O texto, não à toa, é intitulado José Trajano está vivíssimo!.