Juremir Machado anunciou em suas redes sociais que foi demitido do Correio do Povo nessa segunda-feira (3/1). Ele estava desde 2000 na publicação, que pertence ao Grupo Record. A saída, segundo ele, deu-se por motivos político-ideológicos. “O problema começou com a adesão ao bolsonarismo mais radical do comando atual”, escreveu no Twitter.
“O projeto de extrema direita bolsonarista não quer saber de pluralismo”, publicou Juremir na rede social. Em entrevista para o portal Coletiva.net, o jornalista contou que sofreu censuras nos últimos anos no Correio do Povo, como, por exemplo, pedidos de retirada de trechos em que criticava o presidente Jair Bolsonaro.
“Eu sempre fiz as críticas cabíveis a um governo que acredito que deva ser contestado, mas parece que internamente não gostam disso”, disse Juremir ao portal. Ele lembrou também que foi impedido de entrevistar o então candidato à Presidência Bolsonaro em um programa do qual fazia parte: “Minha revolta com a situação gerou um desconforto com a direção”.
Ele destacou ainda sua demissão da Rádio Guaíba, também do Grupo Record, em 2020. Segundo o jornalista, sua saída da rádio começou quando ele foi impedido de entrevistar o ex-presidente Lula, no programa Esfera Pública. Jerumir contou que, cerca de dez minutos antes da atração ir ao ar, a direção solicitou que a entrevista não fosse feita. O jornalista agradeceu a Nando Gross, chefe da rádio na época, que insistiu para que a entrevista pudesse ir ao ar, mas a direção não autorizou.
Ao site Extra Classe, Juremir disse que acredita que o veículo deve centrar esforços na campanha de reeleição de Bolsonaro: “É um grupo bolsonarista. Sempre foi e me tinham como um comunista, coisa que inclusive não sou. Já fui demitido nos anos 90 da Zero Hora por uma forte pressão da esquerda”.
Ao Coletiva.net, o jornalista contou que continuará como professor da PUCRS, e vai dedicar-se a escrever livros e à pesquisa universitária. Procurado pela reportagem do Coletiva.net, Sidney Costa, diretor do Correio do Povo, confirmou a demissão de Juremir, e afirmou que o jornal está passando por uma reestruturação em algumas áreas: “As mudanças incluem investimentos na integração digital/impresso e ajustes pontuais nos setores de produção de conteúdo em suas diversas plataformas”.