A Justiça condenou a Globo a indenizar a jornalista Veruska Donato, que deixou a emissora em 2021, por misoginia e danos morais. A decisão diz que a emissora tentou impor padrões estéticos à jornalista, o que ficou entendido como prática misógina. Cabe recurso da decisão.
Em janeiro de 2023, Donato, que trabalhou na Globo por 21 anos, entrou com uma ação na Justiça contra a emissora, acusando-a de misoginia e etarismo. Ela declarou que recebia críticas da chefia da área de figurino “quanto a flacidez, ruga ou gordura fora do lugar”. Foi anexado ao processo um comunicado interno com “regras de beleza” para as profissionais mulheres da emissora, que incluíam cortes de cabelo proibidos, cores de esmalte e até roupas com tecidos pouco apertados para não “evidenciar barriguinhas indesejáveis”.
Na sentença, o juiz Adenilson Brito Fernandes, da 37ª Vara do Trabalho de São Paulo, reconheceu que houve “perseguição estética” e “misoginia intolerável”, e determinou indenização por danos morais de R$ 50 mil para a jornalista.
“Documentos e testemunhas do processor permitiram concluir pela existência de discriminação face às mulheres por sexo, idade (etarismo), peso, cor, hipóteses de misoginia intolerável, evidentemente, já que toda forma de discriminação está proscrita desde o texto constitucional”, declarou o magistrado.
A Justiça também anulou o contrato de Pessoa Jurídica (PJ) de Donato com a emissora, que vigorou entre 2002 e 2021, entendendo que ficou configurado vínculo empregatício. A Globo deverá também arcar com diversos benefícios trabalhistas como adicional de tempo de serviço, diferença de aviso-prévio e 13º salário, vale-refeição, FGTS, horas extras, adicional noturno e multas.