A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em parceria com outras organizações defensoras das liberdades de imprensa e expressão, registrou 37 ataques à imprensa brasileira após o resultado do segundo turno das eleições.
“A mobilização para atacar profissionais de imprensa por parte da base mais radical do presidente derrotado nas urnas saiu do campo digital e foi às ruas”, destaca a entidade. Os ataques incluem xingamentos, declarações racistas e até luta corporal, realizados durantes atos a favor do derrotado presidente Jair Bolsonaro e em bloqueios de estradas.
A Abraji destaca alguns dos episódios mais recentes de agressões. Na semana passada, Yuri Macri e outros colegas da TV Record foram agredidos por apoiadores de Bolsonaro durante a cobertura do caso do motorista preso por atropelar 17 pessoas ao tentar furar o bloqueio em Mirassol (SP). Os jornalistas receberam socos, chutes e joelhadas. No Boletim de Ocorrência, Yuri declarou que os policiais militares presentes no local não agiram para impedir a violência contra eles.
Também na semana passada, Diogo Meira, da Rádio Cidade de Araxá, afiliada da Jovem Pan no interior de Minas Gerais, foi agredido por um caminhoneiro que bloqueava o trevo de acesso às BRs 262 e 452. O repórter usava um uniforme vermelho da Rádio Cidade/Jovem Pan. Ele foi hostilizado pelos manifestantes por “contar mentiras” e pouco tempo depois, já sem a camisa da emissora, entra em uma luta corporal com o caminhoneiro.
“Ser tachado de petista e comunista por usar uma roupa vermelha tornou-se um problema real para as equipes de televisão, as mais vulneráveis por geralmente entrarem ao vivo ou falarem o texto em voz alta com o público ao redor (práticas conhecidas como passagens e stand-ups)”, explica a Abraji.
Na eleição de 2018, a entidade já havia apontado aumento no número de ataques a jornalistas após a eleição, com nove casos, cenário que piorou em 2022. Ao longo deste ano, a Abraji registrou 487 episódios de violência contra jornalistas, sendo 28% deles casos de ameaças, intimidações, agressões físicas e/ou destruição de equipamentos.
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