Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

A edição de 2024 do Índice Chapultepec, da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), revelou uma situação preocupante para o jornalismo e para a sociedade: nenhum dos 22 países analisados alcançou pontuação suficiente para figurar na faixa “com liberdade de expressão”, ao contrário do que ocorreu nos três últimos anos. A média regional caiu pelo segundo ano consecutivo.

O Brasil, no entanto, mereceu um destaque positivo no relatório, divulgado na semana passada durante a Assembleia Anual da SIP, tendo avançado duas posições na lista em relação a 2023 e saído do bloco “com restrições” em que estava em 2023.

O País está agora em quinto lugar geral, entre as nações consideradas “com baixa restrição”. Os que obtiveram pontuação melhor do que a do Brasil foram Chile, República Dominicana, Canadá e Estados Unidos. Uruguai, Jamaica e Panamá também estão na mesma faixa de baixa restrição.

O Índice Chapultepec, criado pela SIP em 2020, coordenado por acadêmicos da Universidade Católica Andrés Bello na Venezuela, conta com o apoio de uma rede de especialistas nos 22 países.

Para obter os resultados, foram consultadas 168 pessoas, entre jornalistas, editores, especialistas acadêmicos e ativistas. Elas ofereceram suas percepções sobre aspectos como liberdade de expressão dos cidadãos e ações dos Estados para conter violência e impunidade de crimes contra jornalistas no período entre agosto de 2023 e agosto de 2024.

Desinformação e influência dos Três Poderes

Além dos indicadores tradicionais em estudos sobre liberdade de imprensa, este ano os pesquisadores incluíram como uma das variáveis a desinformação não combatida ou propositalmente disseminada por governos.

Outro indicador considerado na fórmula é a influência dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em situações desfavoráveis à liberdade de expressão.

Apesar da melhora do Brasil, há pouco o que celebrar na região  A média geral ficou abaixo dos 50 pontos pela segunda vez consecutiva, refletindo o que a SIP aponta como a normalização de uma deterioração nas ações institucionais em relação à liberdade de expressão e imprensa nas Américas.

O grupo de países onde elas estão “sob restrições” é formado por Paraguai, Costa Rica, Argentina, Equador, México e Colômbia.

Os países com “alta restrição” são Honduras, Peru, Guatemala, Bolívia e El Salvador. O Peru recuou quatro posições em relação ao período anterior.

Por fim, no grupo “sem liberdade de expressão”, aparecem Cuba, Venezuela e Nicarágua, que repetem as mesmas posições há duas edições.

Em sua análise, a SIP destaca problemas como o impacto de resultados eleitorais, a promulgação de leis restritivas que afetam o jornalismo e o acesso à informação pelos cidadãos e as tecnologias que aumentam a desinformação “com estratégias cada vez mais ousadas”. E conclui: as liberdades de imprensa e de expressão seguem ameaçadas nas Américas.


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