Fernando Marques Alves, apresentador de Rio Preto em Foco, na TV Cidade, em São José do Rio Preto (SP), recebeu a missão de restaurar cerca de 500 filmes. O acervo ? que tem, entre outras, cópias de filmes de Mazzaropi e Zé do Caixão ? pertencia à família Curti, que por muitos anos foi dona de cinemas na região. Após limpeza e restauração, a ideia é digitalizar o acervo e ?dar vida? aos antigos rolos, exibindo-os em escolas e universidades da região. O interesse de Fernando pelo audiovisual partiu da música. Multitalentoso, venceu festivais em meados da década de 1980 e gravou seu primeiro LP em 1987. Seu mais recente trabalho é o instrumental Dia de Feira, lançado este ano. Em 2002, fundou a produtora de documentários Rio Preto em Foco Filmes, com a qual lançou 15 filmes. Confira a seguir o que ele conta sobre o trabalho de restauração dos filmes: Portal dos Jornalistas ? Como foi o contato com família Curti? Fernando Marques Alves ? Já faz muitos anos que a família Curti tinha a intenção de doar este material para preservação. Foi por Maria Helena Curti que encontrei a porta de entrada. Ela sabia que eu estava fazendo uma sala de cinema e telecinagens. Daí foi apenas questão de tempo. Portal ? Qual a importância do acervo? Fernando ? A família Curti tinha muitos cinemas. Acho que chegaram a ter 11 no total. Para melhor distribuição, eles compravam as cópias, pois assim diminuía o custo. Mas não imaginavam que muitas delas se tornariam as únicas de obras de diversos cineastas brasileiros. Muitos têm ligado para saber quais são esses filmes, pois talvez seja a última chance de reverem e telecinarem sua obra. Já achamos algumas assim. Portal ? Quanto tempo prevê para que todo o acervo seja restaurado e catalogado? Fernando ? Vai pelo menos um ano e meio. São muitos rolos, diversos em estado precário. Até um ano atrás eles estavam armazenados em latas e catalogados. No final do ano passado, um antigo funcionário vendeu os projetores e as latas como sucatas. Foi um pecado… Portal ? Como surgiu seu interesse por documentários? Fernando ? A primeira vez que tive contato com um documentário foi aos 25 anos [hoje tem 51]. Fui ao Auto Cine Aquarius, que ficava onde hoje é o Senai, na Represa. Errei de filme: era pra assistir um de ficção e acabei vendo Jango, de Sílvio Tendler. Fiquei fascinado. Foi amor à primeira vista. Portal ? Qual é sua primeira lembrança de contato com audiovisual? Fernando ? Eu trabalhava como produtor musical no Estúdio Vice-Versa, em São Paulo, de propriedade do maestro Rogério Duprat e do músico e compositor Sá, da dupla Sá e Guarabira. Nós sonorizamos muitos documentários e filmes de ficção, principalmente do cineasta paulistano Silvio Soldini. Daí foi um pulo para começar e me interessar também pela imagem. Fiz meu primeiro documentário, A Lenda do Pássaro Azul, em 2001. É um documentário em forma de desenho estático e fotografias, postadas sobre a minha composição para piano e orquestra de mesmo nome. Portal ? Já tem algo de concreto sobre levar os filmes em película para escolas e universidades? Fernando ? Queremos iniciar logo na voltas às aulas, em agosto. Já temos filmes interessantes para passar, como um jornal documentário sobre a Segunda Guerra Mundial. E um filme que estava perdido, em 16mm, do cineasta Reinaldo Volpato, do início da década de 1970, além de um Canal 100 em ótimo estado.