Segundo levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o presidente Jair Bolsonaro postou cerca de 4.120 textos com até 280 caracteres em seu perfil no Twitter desde janeiro de 2020. Desse total, aproximadamente 4.052 (mais de 98%) são de interesse público, ou seja, visam a divulgar ações de governo, pronunciamentos, mobilizar militantes, entre outros. E tais posts não podem ser vistos por 79 profissionais de imprensa que estão atualmente bloqueados pelo presidente.
No final de julho, a Abraji entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para que Bolsonaro seja proibido de bloquear outros jornalistas. No texto, Taís Gasparian, advogada da entidade, destacou que “assuntos de inquestionável interesse público – como obras públicas, trocas no comando de ministérios, concessão de patrimônio público e operações de combate ao tráfico de drogas – foram levados a público por meio da conta do presidente da República no Twitter”.
Karina de Paula Kufa, advogada de Bolsonaro, declarou que “o impetrado realizou uma série de publicações que nenhuma relação guardam com sua atividade política ou relativa ao Estado Brasileiro”. Mas, segundo o levantamento da Abraji, apenas 68 dos tweets do presidente são classificados como “uso pessoal” (cerca de 1,4%). Postagens de “mobilização”, nas quais Bolsonaro incentiva atos pró-governo, por exemplo, foram bem mais recorrentes, totalizando 583 textos (14% do total).
Até 27 de agosto, a Abraji contabilizou 141 profissionais de imprensa bloqueados por 38 políticos com mandato vigente ou autoridades do alto escalão da burocracia brasileira. Bolsonaro é o que mais bloqueou jornalistas (79). O presidente também impediu o acesso de seis veículos de notícias a suas postagens.
Confira no site da Abraji um mapa interativo sobre os tweets de Bolsonaro.