* Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro
“Cada vez mais, a fonte primária de notícias passa da TV para a internet. As pessoas procuram identificação com quem confiam. Por isso, é importante imprimir a marca Record como fonte confiável de notícias.”
Marco Nascimento assumiu, no final de setembro, a Direção de Jornalismo da Record TV Rio. Paulista de Ourinhos, 58 anos, tem mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Voltou recentemente à Record, emissora em que esteve por quatro anos, até 2014. Nascimento substitui a André Ramos, contratado pela CNN Brasil para o escritório de Brasília da nova emissora.
Nascimento conversou com Jornalistas&Cia sobre o cenário favorável que encontrou e o alinhamento, com a sede em São Paulo, de seus planos para o futuro do jornalismo no Rio.
Jornalistas&Cia – Conte um pouco de sua experiência no jornalismo.
Marco Nascimento – Comecei na imprensa escrita, em Veja, IstoÉ, e no Estadão fui repórter e editor de Geral. Em 1990, comecei na TV Cultura, passei oito anos e fui chefe de Redação na fase em que ela teve maior visibilidade. Foi uma grande vitrine, e depois não deixei mais a televisão.
(NdaR.: Seguiu carreira na Rede Globo, como diretor da Globo Minas, em Belo Horizonte, e chefe de Redação em São Paulo. Dirigiu o Jornalismo da TV Gazeta de Alagoas, em Maceió, e depois a TV Gazeta de São Paulo. Esteve na Record, como editor executivo, e no SBT, como chefe de Redação.)
J&Cia – Está morando definitivamente no Rio?
Marco – Sim, depois de 40 anos em São Paulo, com passagens por Belo Horizonte e Maceió. Aguardo o fim do ano letivo para trazer a família. Sequer tive tempo de sair da TV para ver onde vamos morar, ou escola para as crianças. Provavelmente, será mais perto da TV, para não enfrentar os engarrafamentos. Outro dia levei duas horas para chegar ao aeroporto.
J&Cia – Trouxe alguém para a sua equipe ou pretende trabalhar com quem já está aqui?
Marco – Em princípio, não. Encontrei uma equipe excepcionalmente profissionalizada, não só no Jornalismo, mas também os talentos do vídeo. Nas minhas passagens por emissoras, aprendi a reconhecer os talentos, a aproveitá-los e a trabalhar com as equipes. Estou muito animado e bem impressionado com a equipe que encontrei.
J&Cia – O que conhece do Rio?
Marco – São Paulo é a cabeça de rede e, assim, conheço o Rio pela televisão. Como chefe de Redação em São Paulo, vinha muito ao Rio. No tempo da Globo Minas, fazia plantões no Rio. Conheci quase como profissional. O Rio de Janeiro é uma praça única. Tem suas peculiaridades, uma forma muito diferente de ver, e com isso temos que trabalhar. Não dá para impor formatos e linguagens de outros lugares. Tenho que fazer a lição de casa, estudar mesmo os principais destaques e as características da cidade e do Estado.
Compromisso com a inovação
J&Cia – O portal R7 também está sob seu comando?
Marco – O R7 tem a gestão feita por São Paulo, e aqui tem um braço, a equipe do R7, reunindo conteúdos de TV dentro de um feed. Temos muitos projetos para ampliar a participação da Record Rio na internet.
J&Cia – Quais são esses projetos?
Marco – Hoje, o compromisso da Rede Record é com a inovação. Até por minha passagem pela Academia, sei que o que a internet trouxe foi aceleração. Funcionou como um grande acelerador: a notícia está em várias plataformas. Mas 50% de nossos espectadores sequer têm acesso à internet. Foi o resultado de uma pesquisa anual do Instituto Reuters, de 2016, com uma amostragem muito grande, de 12 mil entrevistas em vários países. De coincidência, o estudo concluiu que, cada vez mais, a fonte primária de notícias passa da TV para a internet, que apareceu com 52% da preferência. E a tendência desse número é aumentar.
A Secretaria de Comunicação do Governo Federal (Secom), num estudo brasileiro, identificou nacionalmente 50% de telespectadores. Há versões dos anos seguintes, mas o fato é que as pessoas acessam a internet, as redes sociais, e procuram identificação com quem confiam. Por isso, é importante imprimir a marca Record como fonte confiável de notícias.
O jornalismo vai determinar o que é verdade e o que não é. Falam no fim do jornalismo. Ao contrário, jornalismo será uma ferramenta vital. O desafio é encontrar formas criativas de apresentá-lo. Esse novo mundo é tátil, volátil, instantâneo, e a TV não lhe pode virar as costas.
Aumento da audiência passa por novas formas de se comunicar
J&Cia – O jornalismo da Record Rio passa por um momento de crescimento da audiência?
Marco – Audiência é uma questão vital e importante. Mas o desafio é a ampliação da audiência, e como isso se dará. Tem-se que estabelecer conexões com esse público da internet. Vamos explorar, inovar, experimentar. Entendo o compromisso com a inovação do vice-presidente Guerreiro (NdaR.: Antônio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo da Rede Record) – não posso falar por ele! – com o Play Plus, canal de streaming, on demand, da Record. O fato de hoje se estar em várias plataformas, todas as televisões estão empenhadas, e a Record não é diferente. Em termos de audiência, não é só crescer ou manter; é também isso. Mas o desafio mais importante são as novas formas de se comunicar com os telespectadores.
J&Cia – Como vê o jornalismo da Record Rio hoje, o que é feito e como é feito?
Marco – Entra e sai tecnologia, e o jornalismo continua intacto em seus compromissos. O mais importante para a Record é o compromisso do jornalismo com a qualidade, a confiabilidade e a independência, seu principal atributo.
J&Cia – Vê muitas diferenças entre o jornalismo no Rio e em São Paulo?
Marco – Diria que são realidades muito diferentes e, portanto, assuntos e cenários de cobertura diferentes. Aqui no Rio, especialmente a segurança pública, é bastante diferente de São Paulo. Não dá para ignorar, a questão faz parte do dia a dia. No Rio de Janeiro, além do cenário econômico e político, cobrir bem as ocorrências policiais é uma obrigação.
J&Cia – Essa opção da Record, de um jornalismo com ênfase no noticiário policial, tem sido uma boa escolha?
Marco – O Rio de Janeiro não é só isso, ao contrário. São Paulo tem vários programas policiais, em várias emissoras. Hoje o jornalismo da Record tem quadros muito interessantes, com ênfase para contar o que acontece nos bairros e nas comunidades do Rio. A ideia é ampliar essa cobertura. Eu, como paulista, tenho especial interesse em descobrir as coisas bonitas do Rio de Janeiro e mostrar isso para os telespectadores cariocas e turistas.
Novas atrações
J&Cia – A Record Rio inaugurou um novo estúdio para o programa RJ no ar. Existem planos de utilizar o glass studio em outras atrações do jornalismo?
Marco – O RJ no ar estava num cenário improvisado. Os recursos hoje disponíveis na Record Rio são admiráveis. Para fazer jornalismo local, dispomos de ferramentas que poucas emissoras têm. Temos que saber aproveitar bem. Por exemplo, pretendemos ampliar os repórteres com equipamentos mais compactos, para chegar mais rapidamente aos locais.
J&Cia – No último fim de semana, a emissora realizou um evento em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, para gravação do Balanço geral – Edição de sábado, com estrelas do jornalismo da Record e a participação do público. A interação com o público que se vê no jornalismo da Record Rio também existe em outras praças?
Marco – É uma interação a ser incentivada, tem dado bom resultado. É um projeto institucional da emissora, uma forma de valorizar a cobertura local, levar a marca da TV Record para esses lugares. Essa ideia terá continuidade e será ampliada.