Certamente preocupado com sua prolongada ausência deste espaço, Sandro Villar ([email protected]), correspondente do Estadão em Presidente Prudente (SP), mandou logo duas histórias.
O jabuti veloz e o veículo do Mauro Salles
Para atender a milhares de pedidos, todos da mesma pessoa (acho que é a Elenita Fogaça), cá estou para contar dois causos, um do século passado e outro deste século em que a Humanidade parece caminhar rumo ao desconhecido. Assim caminha a Humanidade. Digo isso só para lembrar do título em português do belo filme do diretor George Stevens, onde Elizabeth Taylor está mais linda do que cartão-postal e James Dean dá um show de interpretação no papel do atormentado Jet Rinker e pelo qual ganhou míseros 21 mil dólares. E pensar que, hoje, nulidades de Hollywood ganham até 25 milhões de dólares por um filme.
Mas do que é que eu falava mesmo, Zeza Loureiro? Fui dar uma de crítico de cinema e confesso que estou mais perdido do que o Brasil nos 7 a 1 no jogo com a Alemanha ou, se me permitem outro comparativo, estou mais perdido do que turista norueguês numa apresentação de Bumba meu Boi. Perdi o fio da meada e o bom senso recomenda pedir ajuda, talvez aos universitários, como o Wilson Baroncelli já me sugeriu uma vez.
Ah, lembrei: o distinto aqui prometeu no primeiro parágrafo que contaria dois causos e vai cumprir a promessa, ao contrário de certos governantes à esquerda e à direita. Primeiro o episódio do jabuti veloz, ocorrido em Bauru em meados de 2014. Um morador resolveu desfazer-se do seu jabuti que, pelo visto, não era bicho de estimação. Ele colocou o animalzinho vivo dentro de uma caixa de papelão e o abandonou numa cesta de lixo na rua. Na hora da coleta, o gari teve a curiosidade de abrir a caixa antes de arremessá-la no caminhão que tritura o lixo. O jabuti escapou de ser triturado e foi entregue à Polícia Ambiental pelo zeloso gari. Interessei-me pela historinha e sugeri pro Estadão.
“Manda 20 linhas”, solicitou o caro e prezado Milton Ferreira da Rocha Filho, o Miltinho, coordenador dos correspondentes. Entrevistei um policial ambiental e em poucos minutos escrevi o texto. Rapidinho chegou no Estadão, o que levou Miltinho a comentar: “Que jabuti veloz, hein?”.
O segundo causo é sobre uma entrevista coletiva do publicitário Mauro Salles, mas apresso-me em esclarecer que não posso assegurar se era mesmo uma coletiva, até porque ninguém estava de colete. Se não me falha a cachola, aconteceu ali por volta de 1985, época em que urubu ainda voava de costas no Brasil. O ilustre aqui trabalhava na Rádio Excelsior, atual CBN, e, pautado pelo Celso de Freitas (homônimo do apresentador da TV Record), fui cobrir o evento, não me lembro qual, em que Mauro Salles falaria à Imprensa escrita, falada e televisionada, expressão que era uma idiotice cafona. A reportaiada, como diria Juarez Soares, compareceu em grande número.
A prezada Nair Suzuki cobria pela Folha de S. Paulo, onde ela era chefe de Reportagem da editoria de Economia. Aí chegou a minha vez de fazer a pergunta pro astuto nada matuto Mauro Salles. Para veicular os anúncios, eu quis saber dele qual era, entre os meios de comunicação, o seu veículo favorito. “O automóvel”, respondeu, brincando, um sorridente Mauro Salles. Todos em volta caíram na gargalhada, e logo se levantaram. No dia seguinte, a Nair publicou a frase do publicitário com destaque. Mesmo brincando, o Mauro Salles tinha razão. Quem não se lembra da época em que os automóveis, principalmente em São Paulo, ostentavam adesivos com as frases “Consulte sempre um advogado” e “Leia a Bíblia”? Era a propaganda veiculada num veículo de quatro rodas, e não sei se a OAB e alguma entidade de estudos bíblicos estavam por trás disso.