A história desta semana é uma colaboração de José Maria Mayrink ([email protected]), que passou, entre outros, por O Globo, JB, Veja, Jornal da Tarde e que desde 1991 é repórter especial do Estadão. Marin x Mayrink Um colega de um jornal de esportes surpreendeu-me com um telefonema, em casa, na semana passada. Chamou-me pelo celular, cujo número pouca gente tem, para me entrevistar. – Doutor J.M.M., estou telefonando ao senhor para lhe dar o direito de resposta no caso da polêmica em que o senhor se envolveu ontem ao embolsar uma medalha… Percebi logo que o colega estava equivocado e fui direto ao esclarecimento da questão: – Não vou me pronunciar sobre esse assunto. Sou jornalista, repórter do Estadão. Meu nome é José Maria Mayrink. Você deve estar querendo falar com o político José Maria Marin… Antes que eu explicasse mais, pediu muitas desculpas e perguntou se outro número de telefone, dessa vez o telefone fixo, também era meu. Era. Percebi o constrangimento do colega, a quem com certeza uma fonte igualmente equivocada forneceu o meu contato. Meu sobrenome tem duas letras a mais do que o do meu xará – y e k, antes banidas do alfabeto, recentemente reincorporadas pelo Novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa –, mas esse detalhe tem-me custado algumas confusões. Até Dona Maria Augusta, minha mãe, foi vítima delas: – Dona Maria, quer dizer que agora o Zé Maria é governador de São Paulo, não é? –, cumprimentou-a uma amiga em Jequeri, minha terra natal, em Minas Gerais, quando Paulo Maluf deixou o governo para se candidatar a deputado federal em 1982 e o vice, José Maria Marin, assumiu o Palácio dos Bandeirantes. Dona Maria Augusta, professora aposentada, que morreria 22 anos depois, respondeu que não, pois o filho jornalista não era metido em política. A amiga, porém, insistiu: – É ele sim, José Maria Mayrink, eu acabei de ouvir na Rádio Bandeirantes. Diante da segurança de fonte tão insuspeita, minha mãe ficou meio hesitante, mas não cedeu: – Não deve ser o Zé Maria, não. Se fosse, ele tinha escrito. Jequeri não tinha telefone na época, dependia das cartas do correio, que chegavam sempre com dias de atraso.