Morreu na manhã do domingo (3/3) o jornalista Claudio Tognolli, aos 60 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein devido a complicações após uma cirurgia de transplante de coração, realizada em janeiro.
Formado em Jornalismo pela ECA-USP, fez doutorado em Ciência da Comunicação na mesma universidade e tinha livre docência em história. Trabalhou em veículos como Estadão, Veja, Folha de S.Paulo, Consultor Jurídico e Jornal da Tarde, além das rádios CBN e Eldorado. Foi também professor de Jornalismo nas Faculdades Integradas Alcântara Machado (Fiam) e na ECA-USP.
Tognolli foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Integrou a primeira diretoria da entidade, que venceu o Prêmio Esso na categoria Melhor Contribuição à Imprensa, em 2003.
Tognolli venceu o Prêmio Jabuti com o livro O Século do Crime, que aborda as origens políticas e sociais de algumas das principais organizações criminosas ao redor do mundo. Escreveu ainda Lobão 50 Anos a Mil, Bem-Vindo ao Inferno, A Falácia da Genética, Traidores da Pátria, A Sociedade dos Chavões, Mídia Máfias, Rock’N’Roll, entre outros.
Além de jornalista, tinha talento e era apaixonado por música. Exímio guitarrista, participou dos primórdios da banda RPM, antes de o grupo ganhar fama.
O Poder360 reuniu depoimentos de amigos e entidades que prestaram homenagens a Claudio Tognolli, que reproduzimos na íntegra a seguir:
Rosental Calmon Alves, jornalista e diretor do Centro Knight de Jornalismo: “Fico com as boas lembranças e lições do Claudio Tognolli, repórter investigativo, da virada do século e dos primeiros anos de formação da Abraji. Um jornalista com enorme curiosidade intelectual, professor de jornalismo que influenciou gerações de repórteres em São Paulo e colaborou em grandes reportagens investigativas transnacionais”.
Márcio Chaer, jornalista e publisher da revista Consultor Jurídico: “Tognolli sintetizava os extremos do jornalismo. Intenso, agitado, exagerado, tinha capacidade única de se relacionar com figuras improváveis, como o maestro Hans Joachimm-Koellreutter, o psicólogo Timothy Leary e o jornalista Phillip Knightley. Nunca se economizou. Vivia uma semana por dia”.
Fernando Rodrigues, jornalista e publisher do Poder360: “Tognolli era um amigo fraterno. Generoso. Tinha uma cultura enciclopédica. Sempre aprendi em todas as conversas que tivemos ao longo de 40 anos de convivência. Era maior do que a vida. Um vulcão de energia e imaginação. Sua criatividade era imbatível. Lutou muito no final. Apesar da distância (ele em São Paulo; eu em Brasília), sempre que pude estive por perto para tentar incentivá-lo. Recebi com muita tristeza sua partida. Espero que descanse em paz e deixo meu abraço para sua família. Que sua memória seja preservada”.
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji): “Tognolli foi um nome marcante no jornalismo brasileiro, atuante como profissional de redação e na formação de jovens jornalistas, como professor da USP. Foi fundador e diretor da Abraji, contribuindo para o debate sobre a função social da profissão. Prestamos solidariedade à família e aos amigos e lamentamos essa perda”.
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